“Internacionalmente, boa parte dos embargos comerciais tende a se dissolver ou abrandar, em especial pela participação direta de potências ocidentais na operação que resultou na queda de Assad. Entretanto, socialmente, o quadro tende a permanecer instável, visto que muitas comunidades internas, especialmente minorias religiosas, temem um governo dominado por lideranças tradicionalmente ligadas a correntes islâmicas fundamentalistas”, afirma.
“Não podemos esquecer outros exemplos, inclusive o Talibã, que prometeu um grau maior de tolerância, como a educação feminina, mas foi aos poucos se tornando muito mais restritivo. Por mais distinto que o Afeganistão seja da Síria, a comparação aqui seria mais em relação à questão do cumprimento das pautas que o grupo contesta ideologicamente”, explica.
Por que a UE dá tratamento diferente ao grupo se o considera terrorista?
“Desse modo, a maior parte das posições turcas foram toleradas, se não apoiadas pelos governos europeus. A própria Turquia também tem uma questão central com milhões de refugiados sírios em seu território. Portanto, uma solução para essa situação era e ainda é de comum interesse do governo turco e da União Europeia. Portanto, são muito mais essas questões que orientam a política externa da UE do que violações de direitos humanos, visto a total apatia e a grande cumplicidade com o genocídio de palestinos em Gaza por Israel nos últimos 14, 15 meses.”
“Os Estados que mais promoveram os ideais e as instituições que se alcunham o epíteto de ‘humanas’ e ‘universais’ eram eles próprios países colonialistas até, ao menos, a Segunda Guerra Mundial, aplicando um sistema de discriminação e exploração sistemática de suas colônias. Não havia igualdade entre colonizador e colonizado quando esses mesmos países ratificaram seu comprometimento com os ‘direitos humanos’ e outros tratados internacionais.”
Fonte: sputniknewsbrasil