“Como é que você manda uma carta para um presidente da República citando o principal adversário dele? O que ele ganha com isso? Ele está dizendo que ele resolveu taxar a economia brasileira, que vai gerar desemprego, que vai gerar inflação e tal porque ele é amigo do Bolsonaro?“, questiona Rudá Ricci, cientista político e presidente do Instituto Cultiva.
“Ele atacou a base do Bolsonaro. Eu conversei com alguns empresários. Os empresários estão atônitos. Ele vai afetar a exportação de café, de óleo, vai afetar toda a produção que vai para os Estados Unidos”, disse à Sputnik Brasil.
“Há um custo político muito grande a um defensor de que um governo estrangeiro tente interferir em decisões de outro Poder, que inclusive nem é o Poder Executivo; tenta interferir em decisões judiciais.”
Enquanto isso, governo Lula reafirma soberania
“Como justificar para o eleitor paulista que a Embraer vai perder contratos milionários e pode deixar de ter o peso que tem no mercado mundial de aviação por conta de uma decisão absolutamente arbitrária de um governo estrangeiro e o governo do estado de São Paulo apoiar isso?”, supõe o analista.
Rico × pobres pode ganhar nova roupagem?
“Em alguma medida, o fato de o Congresso ter criado tantos problemas para o governo e para a garantia da governabilidade e os partidos, inclusive os que têm assento em ministérios, não garantirem minimamente apoio ao governo, empurrou o governo a ter que abraçar algumas dessas pautas mais ideológicas”, conta.
“O Hugo Motta, e agora o Trump, deu elementos de campanha. A questão do governo é como ele administra isso até o segundo semestre do ano que vem”, avalia.
“Se o Congresso, em especial a Câmara, resolver diminuir o ímpeto do volume de dinheiro que vai para emenda parlamentar, já está resolvido para o governo. Eu vou até adiantar para você quanto que precisa: dos 50 [bilhões de reais], precisa diminuir para 30 [bilhões de reais]. Se ficar nesse patamar, o governo está contente”, disse à Sputnik Brasil.
“É isso que ele pega e faz quando ele levanta o cartaz. Ele levanta o cartaz para dizer: ‘Olha, queridos, ou vocês cedem, ou então vocês vão ter que disputar com a rua. A rua está me apoiando. Vocês estão a fim?’. O Lula vai recuar, eu tenho certeza que ele vai recuar. E, para mim, a negociação para ele é emenda parlamentar“, arremata Ricci.
Fonte: sputniknewsbrasil