“Ele pode, de certa forma, exacerbar, pode passar por cima da lei, pode cometer inclusive crimes da forma mais abrangente possível. Então o impeachment está ali previsto para isso. Só que a gente sabe que a própria regulamentação do processo do impeachment no Brasil, ela estabelece muitas possibilidades, e isso faz com que se tenha um amplo leque de ações que possam ser impetradas para requerer o impeachment”, afirma.
“Por exemplo, o PT [Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula], quando era oposição, protocolou inúmeros pedidos de impeachment. É uma estratégia, vamos chamar [assim], de marketing político. Se colar, colou. Ou você aguarda que o cenário político propicie o desengavetar de algum desses pedidos. Então é preciso ser visto dentro de um arquétipo de possibilidades e oportunidades que partidos e políticos de oposição têm, e eles fazem uso”, explica.
“Então de fato parece haver uma banalização desse instrumento, que é um instrumento previsto no ordenamento jurídico do país, mas que tem sido utilizado para coisas muito mais comezinhas das disputas políticas do dia a dia do que deveria ser, como foi no caso de 1992, mobilizado contra o presidente Fernando Collor de Mello, que aí, sim, havia provas substanciais, substantivas, bastante consistentes, contra uma série de coisas que deveriam redundar no seu impedimento à frente da Presidência da República.”
“De fato, hoje em dia, é muito mais interessante ser amigo de um deputado do que de um ministro, no sentido de você ter acesso a recursos, é uma espécie de parlamentarismo branco, algo absolutamente estapafúrdio, que não faz o mínimo sentido. […] Então, o que acontece é isso: temos um governo que tem que se mobilizar para não sair do lugar, para, no limite, aquilo [impeachment] não avançar. Quer dizer, ao invés de estarmos discutindo e avançando uma série de pontos e reformas de que o país precisa, a gente fica em uma discussão, muitas vezes bizarra, mas que o governo não pode negligenciar”, afima.
Fonte: sputniknewsbrasil