“A redução das emissões de CO2 é um imperativo, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar as vidas dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, disse Lula.
“Acho que o presidente Lula fala [sobre o acordo], como é natural que ele fale, e que aqui no Brasil tem muitos setores que estão interessados no acordo. Mas as questões que estavam mais dificultando o acordo continuam vigentes. Pelo lado europeu, o instrumento adicional, a side letter, que amplia a possibilidade de a União Europeia controlar, vigiar e mesmo punir o Brasil por questões relativas ao meio ambiente e que foge do controle dos brasileiros, dos mercosulinos em geral.”
“Isso é uma coisa bastante complicada para a União Europeia e foi um dos itens que historicamente mais travaram o andamento do acordo, porque era uma exigência que os europeus faziam já de longo prazo. Então não tem nenhuma novidade nesse sentido.”
Movimentos antiglobalização na Europa dificultam aprovação do acordo
“A mobilização desses agricultores, que incluiu bloqueios de estradas com tratores, levou tanto o governo francês quanto a União Europeia a fazer concessões. A França anunciou 160 milhões de euros [cerca de R$ 1 bilhão] em subsídios para o setor agrícola, enquanto a UE concordou em restringir as importações de grãos ucranianos sem tarifas. Esse alinhamento de forças contra o acordo Mercosul-UE representa um desafio considerável”, afirma.
Apoio de Alemanha e Espanha pode acelerar a conclusão do acordo?
“A União Europeia está dando um prazo muito pequeno — a priori seria o ano que vem —, que ninguém consegue, nem que queira. Porque tem que ter uma capacidade, por exemplo, de checar, de fazer toda a correia [checagem] do gado, desde lá do princípio; no caso da agricultura, se em algum momento aquela terra foi desmatada. E os latino-americanos, por ora, e o Brasil também, não têm ainda tecnologia organizada, conhecimento organizado, para fazer essa checagem. Então fica muito na mão da União Europeia.”
“A França vai continuar a se opor, pois a agropecuária francesa é influente e nenhum outro político cederá às condições que a França exige. Não vejo razões de otimismo. Alemanha e Espanha não bastarão para formar a decisão final”, afirma o especialista.
Fonte: sputniknewsbrasil