“E quando se criou a assembleia constituinte, na primeira constituinte que foi eleita em 2021, a grande maioria das pessoas que foram eleitas eram pessoas ligadas a movimentos que defendiam o fim daquele sistema — aquele não, desse sistema, porque ele continua vigente […]. Aquela constituinte fracassou; fez um ótimo texto, mas que acabou sendo rejeitado no plebiscito de 2022.”
“É preciso ter um candidato muito forte para que possa conseguir manter essa coalizão no poder. O nome que muita gente quer que dispute essa eleição é o da Michelle Bachelet, que já foi presidente em dois mandatos, e ela, sim, teria muita força. Ela é uma pessoa muito querida. A gente podia comparar a força política dela com a força política do Lula no Brasil. Se ela voltar, ela tem essa capacidade de juntar setores a favor dela.”
“Hoje em dia a extrema-direita conseguiu ganhar alguns espaços dentro dessas organizações, então não é tão simples como foi em 2019.”
Temas sensíveis assustaram conservadores
“No Chile não existe aposentadoria pública. A pessoa vai pagando a capitalização durante a sua vida laboral e depois se aposenta. Mas isso fica na dependência de aplicações financeiras do banco ao qual a pessoa se vincula. Não tem índices mais congelados, como, por exemplo, o salário mínimo, salário mínimo e meio, qualquer coisa assim. Havia muitas perdas depois da aposentadoria. Os ganhos caíam enormemente. E aí, sim, muitas pessoas não conseguiam bancar os próprios gastos e acabavam se matando.”
“Foi uma Constituição bastante progressista, que mudava as regras da Constituição da ditadura, mas fazia algumas mudanças também no sentido de questões de gênero, em questões que no Chile são um problema muito forte — questões das etnias, das comunidades originárias —, que ocupam um espaço relativamente significativo no Chile.”
“É possível que queira mexer, mas vai fazer certamente uma análise, uma avaliação para ver se não vai ser um furo a mais. Para mexer na Constituição tem que ter certeza de que ela vai ser aprovada”, afirma.
Fonte: sputniknewsbrasil