A redução da desigualdade social em Mato Grosso e no país depende da elaboração de políticas públicas que atendam a população mais vulnerável e criem uma agenda social que possibilite condições de garantir uma distribuição de renda mais justa e equilibrada. A avaliação é do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga, que comentou estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) esta semana. A pesquisa, baseada em dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e da Pnad Contínua, aponta a desigualdade de renda no país, acentuada com a emergência em saúde provocada pela pandemia.
Em Mato Grosso, quatro dos cinco municípios com a maior renda média têm economia baseada no agronegócio. Primavera do Leste lidera o ranking (R$ 2.776), seguido por Sapezal (R$ 2.719), Sorriso (R$ 2.631), Cuiabá (R$ 2.428) e Lucas do Rio Verde (R$ 2.091). Na contramão estão as localidades mais vulneráveis, em que a renda média não ultrapassa R$ 300. São eles: Barão de Melgaço (R$ 201), Rondolândia (R$ 265), Cotriguaçu (R$ 271), Nossa Senhora do Livramento (R$ 277) e Colniza (R$ 278).
O presidente da AMM ressaltou que o estudo da FGV, que revela dados do fluxo de renda referentes a 2020, reflete a realidade do estado e do país. Fraga destacou que a AMM tem trabalhado para motivar os prefeitos a implementarem ações que viabilizem o fortalecimento da economia, contribuam para a geração de emprego e aumento da renda.
Entre os projetos da instituição, destacam-se os que buscam fomentar o desenvolvimento da agricultura familiar, que está presente em 100% dos municípios e é especialmente importante para os menores. A AMM coordena, simultaneamente, três iniciativas nesse setor. A implantação do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar e de Pequeno Porte (Susaf) nos municípios da Baixada Cuiabana, ação desenvolvida em parceria com a Assembleia Legislativa, que visa possibilitar que os pequenos produtores comercializem produtos semielaborados ou industrializados em qualquer município do estado. A Associação também faz parte do Comitê Gestor criado para auxiliar os municípios na aquisição de produtos da agricultura familiar destinados à alimentação escolar. Além disso, fomentou a criação do projeto Agrofamiliar, que visa fomentar a agricultura familiar em Chapada dos Guimarães, Planalto da Serra e Nova Brasilândia.
“A AMM está motivando e orientando os prefeitos no desenvolvimento de vários projetos, contudo é necessário que haja uma ação coordenada em nível estadual para auxiliar os municípios, de forma especial os de pequeno porte, que necessitam de apoio governamental para se desenvolver”, assinalou, alertando que são necessárias políticas públicas arrojadas para possibilitar mudanças significativas nesse cenário social.
Fraga ponderou que a desigualdade é um problema que perdura há anos e que é necessário a colaboração dos governos e da sociedade para minimizar os impactos dessa disparidade nos mais desassistidos. “Em 2000, há mais de 20 anos, escrevi um artigo alertando para a desigualdade regional e de lá para cá quase nada mudou. Em Mato Grosso temos dois estados: um com economia consolidada, fundamentada no agronegócio, e o outro com economia estagnada, no qual se encontra a maioria dos municípios. Precisamos unir esses polos e garantir condições dignas de vida a todos os cidadãos mato-grossenses”, frisou.
A principal conclusão do estudo da FGV é que a desigualdade de renda no Brasil é ainda maior do que o imaginado. A pesquisa aponta que mesmo com a política de transferência de renda, como o Auxílio Emergencial, a disparidade não diminuiu durante a pandemia. O estudo mapeou os fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros mais ricos a partir do último IRPF disponível.
Fonte: amm