“Nessa tentativa de retomada do protagonismo, o Brasil obviamente vai enfrentar embates, porque existe a questão do Centro-Oeste, existem dificuldades no enfrentamento das queimadas, dos desmatamentos no Cerrado, entre outras regiões. O Brasil deve buscar esse protagonismo e participar dessas discussões bilaterais e multilaterais”, observa o analista.
“Podemos esperar uma outra diminuição do desmatamento já para 2024 que está projetada. É um governo que destravou o Fundo da Amazônia, corrigiu a NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada], está na presidência do G20, vai hospedar a COP30. O governo deve fazer cobranças muito duras sobre financiamento da Amazônia aos países envolvidos”, conta.
“Esses desafios se engrandecem em um contexto de um congresso conservador que parece não entender a importância desses temas para o Brasil do presente e do futuro”, reforça Ane Alencar à Sputnik Brasil.
“O tema tem sido tratado como uma centralidade na política internacional brasileira […] Se, de um lado, o país tem tido importantes avanços no combate ao desmatamento, principal vetor de emissões de gases de efeito estufa nacional, com a redução de 22,37% em um ano e a reestruturação de políticas nesse sentido, de outro, a preocupação com os caminhos da transição energética no país só aumenta, e o setor tende a ter cada vez mais impacto no balanço de emissões domésticas”, sublinha Laterman.
Mudanças climáticas, COP30 e transição energética
“A caatinga já está começando a experimentar um aumento das queimadas, um aumento da irregularidade dos regimes chuvosos, uma diminuição em vários locais da pluviosidade. Isso tudo [estiagens, descontrole ambiental] faz com que essas populações, aliado ao contexto socioeconômico da região, sejam, talvez, os grupos mais suscetíveis a esses efeitos negativos das mudanças climáticas no Brasil”, pontua.
“É fundamental que se repense a exploração de petróleo na costa da Amazônia, pois isso vai na contramão do que precisa ser feito para que o mundo e o país reduzam suas emissões de GEE [gases de efeito estufa]”, arremata a pesquisadora.
E o desmatamento?
“Isso inclui o combate ao crime organizado, principalmente ao trafico de drogas, que se fortaleceu e diversificou com o desmonte da agenda e governança ambiental do governo anterior, e acabou entrando no mercado ilegal de terras, na extração ilegal de madeira, no garimpo e pesca ilegal, entre outras coisas”, conclui Ane Alencar.
Fonte: sputniknewsbrasil