‘Afronta à vontade democrática’: Macron aprova escolha de primeiro-ministro após 60 dias


O presidente Emmanuel Macron nomeou Michel Barnier, 73, um político veterano de direita e ex-negociador do brexit na União Europeia, como o novo primeiro-ministro da França. Macron está tentando romper um impasse político que tomou conta do seu país após as eleições legislativas antecipadas, realizadas em julho.
A presidência francesa disse em uma declaração que Macron está confiando a Barnier “a tarefa de formar um governo de unidade para servir ao país e ao povo francês”, informou o The New York Times. Barnier assumirá o papel de Gabriel Attal, o mais jovem primeiro-ministro da França, que ocupou o cargo pelos últimos oito meses.
De acordo com Phill Kelly, comentarista político e ativista socialista baseado em Belfast, na Irlanda do Norte, o que Macron faz com essa decisão é “um absurdo” e “está longe de ser democracia“.
“É como um marido e uma esposa debaterem sobre qual eletricista contratar para refazer a fiação da sua casa e, não conseguindo chegar a um acordo, contratam um encanador. É uma uma afronta absoluta à vontade democrática do povo”, exemplifica.
O presidente francês Emmanuel Macron fala à mídia durante sua visita à Feira Internacional de Agricultura em Paris, 25 de fevereiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 31.08.2024

O analista afirma, ainda, que a França está dividida e Macron “investe na criação de problemas futuros”, já que o país atualmente é “um barril de pólvora”.
“Foi bom ver o avanço da esquerda, mas esperemos que não seja uma vitória de Pirro, porque o que atos como esse estão fazendo é apenas corroer a fé que as pessoas têm em suas instituições democráticas”, acrescentou.
Barnier assume o cargo de primeiro-ministro em meio a um impasse no Parlamento francês, Marcon tem sido cada vez mais pressionado. O presidente atrasou a nomeação de um novo primeiro-ministro por um período recorde de tempo após uma vitória apertada da Nova Frente Popular em julho.
Mais de 80 parlamentares assinaram uma resolução pedindo que Macron renuncie nas próximas semanas. A resolução foi desencadeada pela decisão do presidente de rejeitar a candidatura Lucie Castets, da Nova Frente Popular, para primeira-ministra, embora a coalizão tenha conquistado a maioria das cadeiras nas eleições de julho.
“Seu dia de acerto de contas chegará. Ele está semeando as sementes de uma colheita muito, muito amarga na França, porque destruir a fé das pessoas em suas instituições democráticas para apoiar seu próprio projeto de vaidade, é como as democracias morrem”, finaliza o analista.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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