“Uma relação direta entre Brasil e China, em todos os sentidos, ela tem um peso enorme. Como teria com o Brasil e a Rússia também, e, evidentemente, que uma aproximação do Brasil e a China contribui para relações desse mesmo tipo com outros países, grandes, médios e pequenos, para que os Estados Unidos deixem de ser, além de uma grandeza em si, a régua do mundo”, ponderou.
“BRICS é naturalmente como um embrião de um outro mundo possível, que não seja aquele mundo comandado pelas potências imperialistas do século XIX, nos vários arranjos que o sistema teve antes da Primeira Guerra, depois da Segunda Guerra, depois da Guerra Fria. É a possibilidade de um mundo diferente dessa ordem que é opressora, vertical, brutal. O BRICS é um embrião desse outro mundo que pode ser possível e a relação sino-brasileira é fundamental nesse sentido”.
Rota da Seda
“Para a China, a grande importância da Nova Rota da Seda é para a criação de novas rotas de comércio e também para a exportação de capitais e a reciclagem de capitais, sobretudo na área de infraestrutura. Então, eu acho que faltou aí, na verdade, um posicionamento mais firme do Brasil de aderir e também, claro, cobrando dos parceiros chineses um avanço num problema e num gargalo muito grave do Brasil, que é a infraestrutura, onde a gente tem uma demanda muito reprimida por uma clara falta de ferrovias, hidrovias, rodovias”, examinou o jurista.
“Como o país já recebe muitos investimentos chineses, é o principal destino deles entre as nações do Sul Global, não haveria muitos ganhos extras. Os diplomatas também temem que o Brasil perderia voz e influência nas relações com a China, tendo que negociar com as dezenas de países que formam a iniciativa”, disse ele ao elencar o risco de retaliações comerciais por parte dos EUA como mais um fator considerado.
Mediação conjunta em conflitos internacionais
“Temos dois anos e meio de conflito, onde basicamente as sanções ocidentais não destruíram a Rússia nem derrubaram seu governo, como se esperava inicialmente, e a Ucrânia se estabeleceu como uma grande arapuca militar do Ocidente para as tropas russas. Temos um cenário de impasse que, no entanto, pende a favor da Federação da Rússia atualmente no campo de batalha e disso vem essa decisão açodada do comando político americano em um encerramento de governo, de determinar que a Ucrânia possa atacar o território russo”.
Fonte: sputniknewsbrasil