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O coordenador do Insper Agro Global, professor Marcos Jank, vê a redução do desmatamento como a grande medida do governo Lula.
“Ao longo do governo petista, o desmatamento caiu e agora voltou a subir. O mundo vê isso de forma negativa e isso vilaniza o Brasil. Acho que esse novo governo vai atuar fortemente na redução do desmatamento ilegal”, disse Jank, durante o evento “Cenários Políticos, Econômicos e do Agro pós-eleições”, realizado ontem à noite pelo Insper Agro Global e Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
“Hoje a questão ambiental afeta muito nossa imagem”, acrescentou.
Jank defendeu também que o País busque parcerias estratégicas e novos acordos internacionais de comércio. “Não podemos ser amigos de um e inimigos de outro. Precisamos de uma economia que sinalize o equilíbrio fiscal, o combate ao desmatamento ilegal e uma política ambiental de peso.
Com isso, devemos ganhar novos mercados”, afirmou, mencionando que a China deve continuar sendo o grande mercado do agro brasileiro nos próximos dez a 15 anos, especialmente em commodities, mas que o setor deve diversificar destinos e produtos.
“A demanda continuará crescendo, principalmente da Ásia e de países emergentes, com destaque para commodities. A China vai precisar de mais soja, milho, carne bovina, açúcar e algodão”, disse.
Política equivocada
Uma eventual taxação das exportações agrícolas no governo Luiz Inácio Lula da Silva seria uma política equivocada de governo, segundo o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank. “Para combater a insegurança alimentar, se deve estimular o aumento da produção. Quando se taxa exportações, como a Argentina fez, o agro perde espaço e piora a crise de insegurança alimentar no médio e longo prazo porque desestimula a produção”, afirmou Jank.
Ele classificou a possibilidade de taxação de exportação como uma ideia “infeliz”. “Isso está em pauta no mundo, como foi na última reunião da OMC, em que se discutiu a soberana alimentar e o protecionismo. Temos que combater isso e prometer o aumento do livre comércio.
Precisamos de livre comércio e ampliação de mercados”, acrescentou. Na avaliação de Jank, a regulação e o controle da agricultura seriam um “desastre”. “A agricultura teve ganho especialmente quando o governo diminuiu suas intervenções. Não faz sentido imaginar que isso voltaria”, criticou.
O economista, ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Maílson da Nóbrega, afirmou acreditar que a política de um imposto sobre exportação agrícola “não prospera”. “Imposto sobre exportação é bobagem. É uma medida que viria do Poder Executivo, mas acho que não vem”, afirmou Maílson (Broadcast, 4/11/22)