SÃO PAULO (Reuters) – Um acordo previsto para esta terça-feira em Brasília entre a rede de cafeterias chinesa Luckin Coffee e empresários brasileiros deverá envolver um volume de 4 milhões de sacas de 60 kg de café, ou 240 mil toneladas, disse o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana.
O volume do acordo, cujo período de embarques não ficou imediatamente claro, é mais do que a metade do consumo de café na China, estimado para crescer a 6,2 milhões de sacas em 2024/25, versus 5,8 milhões de sacas em 2023/24, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
O país asiático tem ampliado as compras de café do Brasil, maior produtor e exportador global, à medida que cresce o consumo em cafeterias chinesas, enquanto o Vietnã lida com problemas de menor oferta.
“Os chineses compravam café do Vietnã, que começou a ter problemas com clima. Para o Brasil, que produz um terço do café do mundo, entrar na China, isso abre um horizonte enorme e perspectivas muito boas para os produtores de café”, afirmou Viana, à Reuters.
No acumulado de janeiro a outubro deste ano, a China aparece como o 14º destino do café brasileiro, tendo importado 713 mil sacas, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A assinatura do acordo, por ocasião da reunião do G20 no Brasil nesta semana, ocorre em meio à expectativa de novos acertos comerciais entre brasileiros e chineses no setor agropecuário. Na véspera, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que seriam feitos pactos para exportação de miúdos de bovinos e suínos, além de frutas.
Segundo Viana, o acordo em café deverá envolver valores da ordem de 2,5 bilhões de reais.
A negociação ocorre após Luckin Coffee ter assinado em junho um acordo prevendo a compra de aproximadamente 120 mil toneladas de café brasileiro pela empresa, no valor cerca de 500 milhões de dólares.
A expectativa de integrantes do setor é de que o novo acerto com a Luckin possa envolver o café canéfora, espécie produzida no Vietnã, e do tipo que o Brasil vem ampliado exportações.
Os acertos anteriores focaram grãos arábicas, mais valorizados pelas cafeterias, embora os canéforas de qualidade (robusta e conilon) estejam ganhando espaço.
Viana lembrou da importância da transação com a Luckin, que tem 21 mil cafeterias na China, e que está “fazendo a opção de comprar café do Brasil”.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
Fonte: noticiasagricolas