O Volkswagen 1600 TL chegou em 1970 para ocupar a lacuna deixada pelo sedã VW 1600 ‘Zé do Caixão’, vendido só com quatro portas, cuja grande parte da clientela era formada por taxistas. Naquele tempo, a preferência nacional eram carros com duas portas, e nisso, o primeiro fastback do Brasil deu mais sorte. Para fidelizar os frotistas, em 1971, o TL ganhou a opção das portas extras e foi eleito Carro do Ano por Autoesporte.
O Volkswagen TL 1972 amarelo Colonial das fotos é um dos poucos e raros sobreviventes de sua linhagem. Com alegados 85 mil km originais, o atual proprietário adquiriu o clássico aircooled após restauração completa, que manteve todas as características originais.
O interior com revestimento que imita madeira Jacarandá no painel também foi restaurado. A parte da tapeçaria dos bancos também foi revista e ganhou novo material, respeitando o padrão original.
Revestimento dos dois porta-malas e assoalho ganharam tapeçaria em carpete monocromático que garante um ar mais aconchegante ao carro. O enorme volante de aro fino foi mantido, bem como o velocímetro e o nível de combustível. Já o antigo rádio foi aposentado, dando lugar para um sistema mais atual.
Destacando a robustez e o conforto do 1600 TL, Costa nos diz que chegou a hora de se despedir de seu fiel escudeiro para dar chance a outro clássico, mais precisamente um Fusca Itamar.
O preço pedido pelo Volkswagen TL é de R$ 59 mil (mesmo valor de um Chevrolet Onix 1.0 2019). Ou seja, esta é uma oportunidade de diversificar a coleção sem gastar tanto.
O 1600 TL teve como base o projeto do Typ 3, mas com identidade própria, graças à gestão do então presidente da Volkswagen do Brasil, o alemão Rudolf Leiding. O executivo deu carta branca aos designers Márcio Lima Piancastelli e José Vicente Novita Martins, o ‘Jota’, para traçar o esboço do novo e primeiro fastback do Brasil. Desse modo nascia o VW 1600 TL, cujo visual foi bastante elogiado pelos visitantes do Salão do Automóvel de 1970 — e que, em 2020, voltaria com força no Nivus.
Ainda que as linhas básicas remetessem à proposta original, o TL nacional era um carro novo. A dianteira, por exemplo, era a mesma do sedã VW 1600, apelidado de Zé do Caixão, de 1968, e da perua Variant, lançada em 1969. A traseira, por sua vez, também era exclusiva em relação ao cupê alemão.
O motor, como todo Volkswagen da época, era montado na traseira. A disposição do boxer a ar permitiu reservar sobre ele um espaço para bagagens de até 344 litros, além do porta-malas frontal de 267 litros. Nas propagandas, a marca se orgulhava em dizer: “Dois porta-malas. Lugar de sobra para a bagagem, com uma vantagem extra: o porta-malas interno tem acesso por fora”.
Em 1971, junto com a reestilização com a frente mais baixa, apelidada de ‘cabeça de bagre’, surgiu a versão com quatro portas, que veio para substituir o Zé do Caixão. Além de atender taxistas, o modelo serviu de frota para Polícia Civil e Militar.
Não menos raro, no ano seguinte, veio a série especial Personalizado, uma alternativa concebida para atrair o público mais jovem com o objetivo de ampliar as vendas da linha TL. Basicamente, faixas pretas nas laterais e no capô, calotas tipo “copinho” e buzina dupla eram algumas novidades junto à nova cor verde Hippie. Internamente, espelho retrovisor antiofuscante, acendedor de cigarros, relógio e volante Walrod, visto mais tarde no Fusca 1600S ‘Bizorrão’.
Na motorização, o velho e robusto boxer 1600 a ar tinha concepção parecida com o do Fusca, mas seguia o da Variant por meio da construção plana, com a turbina montada direto no virabrequim. Curiosamente, o Zé do Caixão, ainda que pertencesse à família tipo 3, era o único com a disposição convencional da turbina e só um carburador por conta do aproveitamento de espaço do cofre. A alimentação do propulsor do TL era feita através de dois carburadores, o que ajudava a resultar em respeitosos 65 cv de potência e 12 kgfm de torque. Algo que foi elogiado pela Revista Autoesporte.
Em 1975, com poucas mudanças em seu currículo, o Volkswagen TL encerrava a sua jornada no Brasil, marcando uma era importante para a marca alemã. Tanto que a fabricante fez questão de adquirir de um colecionador uma unidade 1972 na cor branca Lótus. Hoje, ela se encontra em exposição na garagem de clássicos na fábrica da Anchieta.
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Fonte: direitonews