Em uma época onde as picapes vendidas no Brasil se resumiam às unidades com o tradicional chassi, em 1978, a Fiat ousou ao apresentar o seu primeiro utilitário derivado de carro de passeio na América Latina. Era a Fiat 147 Pick-up, que utilizava um monobloco tal como o hatch que leva seu nome e com, praticamente, as mesmas proporções.
Com 3,63 metros de comprimento, a “picapinha” trazia uma caçamba bem modesta de 650 litros (com capacidade de carga de 350 kg), um fato que lhe rendeu o apelido de “saboneteira”. Outra curiosidade era a tampa que abre no sentido lateral, com as dobradiças aparentes do lado esquerdo.
Graças a ousadia do projeto, a moda das picapes pequenas não demoraria para chegar a outras três grandes fabricantes como a Volkswagen com a Saveiro, a Chevrolet com a Chevy 500 e a Ford com a Pampa.
A Fiat 147 Pick-up 1979/1980 marrom que estampa esta matéria é um raro exemplar que foi meticulosamente restaurado e vendido há poucos dias pela RM Garage (@rmgarageoficial), empresa especializada na venda de carros clássicos e raros.
Na descrição do anúncio, é explicado que o modelo ainda possui o manual do proprietário, algo muito difícil de se ver. Contatamos o dono da loja, Rafael Maciel, para saber o valor negociado, porém o mesmo preferiu manter sigilo em respeito ao comprador. Todavia, chegamos a encontrar um exemplar do modelo mais novo e também com placa preta anunciado no Mercado Livre por R$ 80 mil.
Então, é possível que a 147 Pick-up das imagens valha algo em torno de R$ 80 mil a R$ 85 mil, quase o valor pedido por um Fiat Argo 0 km (R$ 85.990), considerando o nível de restauração e por ser ainda mais rara. Basta pesquisar nos principais sites de classificados ou lojas com contas no Instagram para ver que, simplesmente, não existem exemplares da 147 Pick-up das primeiras levas disponível para venda.
Assim como a plataforma, o motor disponibilizado era o mesmo do Fiat 147 Hatch, ou seja, o 1.050 (Fiasa) montado na posição transversal, configuração que coube ao hatch inaugurar. Associado ao câmbio manual de quatro marchas e com tração dianteira, era possível extrair parcos 55 cavalos de potência e 7,8 kgfm de torque (gasolina), nada muito além do que se tinha na época.
Mas se isso não fosse suficiente, a Fiat também chegou a disponibilizar para seu primeiro utilitário o propulsor 1.300, o mesmo empregado no esportivo 147 Rally e que desempenhava a potência bruta de 72 cv e torque máximo de 11 kgfm.
O próximo passo era ampliar a capacidade de carga da pequena caminhonete e, para isso, a Fiat foi buscar inspiração na perua Panorama, lançada no final de 1980. Utilizando a plataforma de 15 cm mais comprida, finalmente a caçamba da 147 crescia em volume: 825 l e capacidade de carga para 500 kg.
Apesar de dividir a plataforma da Panorama que vinha com frente própria, conhecida como frente “Europa”, na picape, esta reestilização só chegou a partir de 1982, batizada de 147 City. Mesmo assim, a Fiat continuou oferecendo a 147 Pick-up com a frente mais antiga. A estratégia de manter as duas juntas era ofertar a City àqueles que buscassem um modelo voltado mais para o lazer.
Em uma das propagandas da época, a Fiat chegou a colocar as duas picapes juntas com uma chamada provocativa aos modelos concorrentes: “Compre uma Pick-up Fiat. Com a economia que ela faz, você pode navegar de saveiro ou ir para o pampa”.
Num texto direto, a Fiat chegou a destacar os pontos fortes dos modelos como a maior economia de seus motores a gasolina e etanol e maior capacidade de carga. No final, o reclame dizia: “A única coisa que a Pick-up Fiat carrega a menos que as outras é o preço. Pode conferir”.
Tomando como base os preços das versões básicas a etanol em setembro de 1983, a Volkswagen Saveiro S custava Cr$ 3.126.091,00 enquanto a Ford Pampa S tinha o valor de Cr$ 4.032.103,00. A Pick-up Fiat era a mais em conta sendo oferecida por Cr$ 3.017.060,00. Fazendo atualização de preço, a primeira picape da Fiat custaria hoje, aproximadamente, R$ 109.711,27, valor equivalente ao de uma Strada Endurance Cabine Plus 1.3 0 km que sai por R$ 104.990.
Sem muitas mudanças, a mais antiga picape da Fiat foi produzida até 1988 cedendo o lugar para a Fiorino, um utilitário mais promissor e moderno, já com a plataforma mais modernizada do Uno.
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Fonte: direitonews
