O Ford Galaxie teve a sua origem nos Estados Unidos em 1959 e, no Brasil, o então primeiro automóvel de passeio da marca começou a ser vendido só em 1967. A apresentação oficial ocorreu um ano antes, durante o ‘V Salão do Automóvel de São Paulo’, mas o sedã continua sendo referência em conforto até os dias de hoje. Aliás, chegou a concorrer com nomes de peso como Chevrolet Opala, Dodge Dart e Alfa Romeo 2300.
O sucesso foi tão grande que, só no primeiro ano de aniversário do Galaxie, foram vendidas mais de 11 mil unidades, algo que a Ford fez questão de compartilhar nos anúncios publicitários. Um deles, intitulado “GÁLAXIE: PRIMEIRA PRIMAVERA”, fazia menção ao novo sistema de ar-condicionado, um opcional raro e caríssimo, disponível na linha 500.
Este é o caso deste belo Galaxie 500 1967 na cor azul Infinito anunciado pela Lar’t, que se encontra em excelente estado geral e com mecânica impecável. Por falar nela, este sedã traz o famoso motor V8-Y-block 272 4.5 de 164 cv emprestado dos caminhões da Série F, como o Ford F-600, introduzido no Brasil em 1957, e o Ford F-350, lançado na linha 1959.
De acordo com o anúncio da loja especializada em carros clássicos, o Galaxie tem tapeçaria nova no padrão original de fábrica. O azul monocromático está presente desde o acabamento do painel até o carpete em bouclê, que sugere luxo e sofisticação. A ergonomia faz-se presente nos mínimos detalhes e há até manivelas para abrir os quebra-ventos.
Falando no incontestável conforto do sedã da Ford, graças ao banco dianteiro inteiriço, é possível transportar com folga até três pessoas. Isso porque o câmbio manual de três marchas instalado na coluna de direção propiciou um espaço adequado para as pernas do passageiro que vai ao centro. Para quem viaja atrás, graças aos 3 metros de distância de entre-eixos, também não tem do que reclamar, mesmo com o túnel central elevado, que abriga o eixo cardã. O conforto a bordo é reforçado pela assistência da direção hidráulica.
O Galaxie 500 1967 está sendo oferecido por R$ 220 mil, o mesmo valor da picape Ford Maverick Black zero-quilômetro. No entanto, a experiência de fazer uma viagem com o primeiro automóvel produzido pela Ford no Brasil pode ser única!
O Ford Galaxie 500 (da palavra inglesa Galaxy, em português Galáxia, e 500, inspirado na vitória das 500 milhas de Daytona de 1958) representou uma nova era na indústria brasileira. A temática galáxia estava presente em cada detalhe do enorme sedã. A começar pela alusão à paleta de cores oferecida, tais como vermelha Marte, bege Terra, verde Júpiter, preta Sideral, cinza Cósmico, branca Glacial, azul Ágena e azul Infinito, a cor do exemplar desta matéria.
A origem norte-americana fazia jus ao porte avantajado do enorme sedã. Com 5,33 metros de comprimento, 2 m de largura, 1,46 m de altura, para os nossos padrões, era algo realmente notório. Não é à toa que muitos endinheirados o usavam como limusine, com direito a chofer e tudo mais.
É o caso do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que governou o Brasil por cinco anos (31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de 1961). Dono de um Galaxie LTD 1974 vermelho Vinho, ele costumava dar suas cochiladas no banco traseiro durante as viagens, por conta do amplo espaço oferecido.
O LTD foi incorporado à linha em 1969 como uma opção mais luxuosa na linha Galaxie. Entre os mimos, havia o acabamento superior, teto de vinil, ar-condicionado e a estreia do câmbio hidramático (como era conhecido na época o modelo automático). Aliás, diga-se de passagem, coube ao LTD ser o primeiro carro brasileiro a oferecer este tipo de transmissão. Na motorização, vinha o V8 292 4.8 de 190 cv.
Para rivalizar com sedãs mais baratos como Dodge Dart e Chevrolet Opala, no ano de 1970, chegou a Standard, ou somente Galaxie. Foi uma versão mais simplificada e, por isso, desprovida de direção hidráulica, rádio, relógio, ar-condicionado, acabamentos em carpete e veludo, pneus faixa branca etc. O propulsor Y-block 292 de 4,8 litros de 190 cv era mantido, somente acompanhado do câmbio manual de três velocidades.
Para 1971, a novidade foi a versão LTD, que passou a se chamar LTD Landau. O novo modelo topo de linha era ainda mais requintado que seu sucessor, contando com teto de vinil com vigia traseiro menor, aplicação em imitação de madeira jacarandá, entre outros detalhes. O charme ficou por conta do enfeite decorativo em formato de ‘S’ que reproduzia o braço da capota das antigas carruagens ‘Landau’.
Junto à primeira reestilização para a linha 1976, a linha Galaxie era desmembrada em três novos modelos. Desse modo, ficou a versão de entrada Galaxie 500, o intermediário Galaxie LTD e o topo de linha Landau, que vinha apenas na cor metálica prata Continental e teto de vinil na mesma tonalidade. A essa altura, toda a gama passou a contar com novo motor, o mesmo do Maverick, no caso o 302 V8 4.9 de 199 cv.
Em 1979, a Ford, em comemoração aos 60 anos de Brasil, lançou a série especial ‘SE’, disponível só na cor metálica vermelha Scala e com tiragem de aproximadamente 300 exemplares. Além disso, o ano marcou a chegada da ignição eletrônica, em substituição ao sistema composto de condensador e platinado e o fim do modelo 500
Na linha 1980, estreava a versão a álcool (hoje etanol) para o motor 302 V8, com direito a um fato histórico de incentivo ao uso do novo combustível brasileiro: a Ford entregou um Landau ao então presidente da república, General João Figueiredo (15 de março de 1979 a 15 de março de 1985), para seu uso oficial.
Com alguns reposicionamentos de versões, o fim de uma era para o modelo da Ford estava chegando. Sem grandes mudanças, em 1983, o último Galaxie Landau deixava a linha de montagem, em São Bernardo do Campo, SP. Em seu lugar, a Ford optou por um modelo menor, mais moderno e econômico para a realidade do Brasil: o Ford Del Rey.
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Fonte: direitonews