A lei brasileira que obrigou carros a reduzirem o tanque de combustível


Já reparou que carros mais modernos estão usando tanques de combustível cada vez menores? O de Chevrolet Onix e Tracker tem 44 litros de capacidade; o do Nissan Kicks, 41 l; o da família Honda City, 39 l; o da dupla Toyota Corolla e Corolla Cross híbridos, apenas 36 litros. Mesmo modelos que possuíam tanques maiores tiveram que reduzir suas capacidades: Jeep Renegade e Fiat Toro, por exemplo, substituíram o compartimento de 60 litros por outro de 55 litros na configuração com motor 1.3 turbo flex.

A tendência não é fortuita ou por acaso. A “culpa” é do Programa Nacional de Controle de Emissões Veiculares (Proconve). Regulamentado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ele está atualmente em sua sétima fase, o chamado Proconve L7, já com a oitava prevista para entrar em vigor a partir de 2025.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.

Desde que o Proconve entrou em vigor, no começo dos anos 1990, o governo brasileiro regulamenta as chamadas emissões evaporativas. Estamos falando de poluentes emanados pelo vapor do combustível armazenado nos tanques. Conforme explicamos nesta outra matéria, em todos os veículos é comum que uma pequena parte do combustível evapore, ou seja, passe do estado líquido para o gasoso.

O exemplo mais conhecido é o da água, que evapora a partir de 100°C. No caso da gasolina, o processo começa mais cedo, a partir dos 50°C; no do etanol, a partir de 70°C. Ou seja, é preciso que o combustível esteja em temperatura muito acima da ambiente para evaporar, mas isso pode acontecer, inclusive em situações específicas de reabastecimento, como em dias de muito sol e calor. Obviamente, o volume de combustível evaporado é pequeno.

Para conter e tratar os poluentes, todos os veículos leves vendidos no Brasil precisam vir de fábrica com o chamado cânister, um filtro de carvão ativo que coleta o combustível vaporizado, filtra poluentes como os hidrocarbonetos e envia esse vapor tratado para o sistema de admissão do veículo.

Desde o Proconve L7, em 2022, a legislação brasileira impõe um limite de 0,5 g por dia em emissões evaporativas de automóveis e comerciais leves vendidos no Brasil. Trata-se de um dos limites mais rigorosos do mundo. Até 2021, ele era de 1,5 g por dia, o que significa que foi reduzido de uma só vez em dois terços.

Para saber se as fabricantes estão respeitando esse número, o Ibama promove um teste de medição com o veículo em dinamômetro pelo período de 48 horas. Há, ainda, uma limitação de 50 mg/l durante o processo de abastecimento.

A fim de cumprir os parâmetros, fabricantes aumentaram os cânister, retrabalharam os sistemas de alimentação de seus veículos e… adotaram tanques de combustível menores. Com compartimentos menores, o volume vazio será sempre menor e fica mais fácil conter as emissões evaporativas.

É por esse, entre outros motivos, que a atual geração da família Onix e do Tracker já nasceu com 44 litros de capacidade de armazenamento de combustível, enquanto seus antecessores tinham 53 l. Ou que um Honda City baixou de 46 para 39 litros o volume de seu tanque na troca da penúltima para a atual geração.

Há outros casos, como o dos Corolla e Corolla Cross híbridos, que precisam sacrificar o volume do tanque para dar espaço às baterias que alimentam o motor elétrico. E, assim, os carros mais modernos vão ficando mais econômicos em consumo e eficientes em emissões de poluentes, mas não necessariamente com uma autonomia maior.

Fonte: direitonews

Anteriores Senado aprova fim da saidinha de presos e Mauro Mendes defende revisão do Código Penal
Próxima Cadillac de 470 cv que foi do presidente dos EUA é leiloado; veja preço