Um meio de comunicação chinês informou que os EUA “não estão em posição” de apontar o dedo para a China e dar uma palestra a Pequim sobre “como lidar com suas relações” com Moscou.
“Comparado com o sistema de aliança dos EUA, o relacionamento China-Rússia, que é baseado na não aliança, não confronto e não direcionamento de terceiros, não apenas está em conformidade com os interesses de ambos os lados, mas também pode ser mais condutivo para enfrentar os desafios globais”, diz a matéria.
Os sólidos laços entre Pequim e Moscou “podem ajudar o mundo a avançar para a multipolaridade e evitar que a comunidade internacional caia no unilateralismo”.
Mesmo antes do início da operação militar especial russa em andamento na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro, Washington “desconfiava dos laços estreitos” entre a Rússia e a China.
“Como os EUA classificaram os dois países como seus principais concorrentes, ou mesmo inimigos em potencial, Washington está preocupado que o aprofundamento da cooperação entre China e Rússia afete sua liderança e hegemonia global e afete seu efeito de contenção contra os dois países.”
A agência de notícias também citou o pesquisador associado do Instituto de Estudos Russos, do Leste Europeu e da Ásia Central, Yang Jin, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, dizendo que os EUA “se preocupam com o aumento da cooperação China-Rússia em áreas que abrangem a economia e o comércio vai reduzir significativamente o efeito das sanções impostas pelos EUA e pelo Ocidente à Rússia”.
Os comentários foram feitos depois que um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse, na sexta-feira (30), que “aqueles que estão do lado de Moscou nesta guerra injusta inevitavelmente se encontrarão no lado errado da história”, uma aparente referência à operação militar especial russa em andamento na Ucrânia.
“Pequim afirma ser neutra, mas seu comportamento deixa claro que ainda está investindo em laços estreitos com a Rússia“, disse o porta-voz, acrescentando que Washington está “monitorando de perto a atividade de Pequim”.
A declaração ocorreu após um encontro virtual entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo chinês, Xi Jinping, durante o qual os dois, em particular, elogiaram os laços econômicos bilaterais entre os Estados.
Putin enfatizou que “apesar das condições externas desfavoráveis, restrições ilegítimas e intimidação direta de alguns países do Ocidente, a Rússia e a China conseguiram garantir taxas recordes de crescimento do comércio mútuo”. Segundo ele, “até o final do ano, [o comércio deve] aumentar 25%. Sob tal dinâmica, seremos capazes de atingir a meta de US$ 200 bilhões [cerca de R$ 1,05 trilhão], estabelecida por nós para 2024, antes do previsto”.
Xi, por sua vez, enfatizou que a China está pronta para construir uma cooperação estratégica com a Rússia no interesse da estabilidade mundial no contexto de uma difícil situação internacional. O presidente chinês acrescentou que Pequim aprecia muito o fato de a Rússia não se recusar a resolver a crise ucraniana por meio de negociações.
Separadamente nesta semana, Xi enviou um telegrama de Ano Novo a Putin, expressando a vontade de manter contatos próximos com ele em 2023.
“Estou pronto […] para conduzir nossos países ao aprofundamento de uma cooperação estratégica abrangente e colaboração prática em vários campos para o benefício dos povos dos dois países”, diz o telegrama.