Influência chinesa na América Latina atrai atenção dos EUA
“A China está presente em quase todos os lugares, e essa questão de os Estados Unidos dizerem que existe uma instabilidade democrática [na América Latina] é uma desculpa para intervir um pouco mais. Nós não temos tantos problemas de instabilidade democrática assim que careçam de intervenções. Acredito que essa seja uma desculpa norte-americana para realmente tentar se posicionar um pouco mais dentro da região”, afirma.
“Com os avanços da Rússia e da China para outros territórios, os Estados Unidos precisaram manter sua presença mais firme em determinados locais. No caso da Rússia e da Ucrânia é também uma necessidade de não deixar a Europa sucumbir. Afinal de contas, esse conflito está drenando recursos da Europa”, diz.
“Com relação ao petróleo venezuelano ou qualquer outra questão venezuelana, por mais que seja um assunto em pauta constantemente em diversos fóruns, dificilmente os Estados Unidos vão intervir em qualquer questão venezuelana por conta da proximidade venezuelana com a Rússia”, avalia.
“Existe, sim, esse interesse norte-americano de reforçar a sua presença militar dentro da América Latina. Porque isso talvez traria outros benefícios não só em termos de defesa, mas também de uma presença que pode se expandir para outras áreas”, pondera.
‘Situação continuada de Guerra Fria’
“Da mesmo maneira que as empresas estadunidenses tentam se estabelecer na região, a China também tenta, a partir de parcerias, e de uma política de ganha-ganha”, diz o historiador. “Todos os países aqui que pretendem avançar nas relações com a China vão precisar criar uma salvaguarda interna, discutir políticas internas de não ingerência dos estadunidenses”, acrescenta.
“Ele [Lula] parece já ter percebido e emitido sinais de que vai querer avançar nessas discussões não só na América do Sul, mas na América Latina como um todo, e mais: ampliar as relações com China e Rússia a um patamar superior ao de outrora. Isso promete deixar Joe Biden com seus poucos cabelos em pé”, diz.