Retrospectiva F1 2022: Ferrari nunca cometeu tantos erros em uma mesma temporada


A Ferrari começou a temporada 2022 de maneira muito forte, e até surpreendente. Charles Leclerc venceu três das duas primeiras corridas do ano, mostrando um amplo domínio com o novo carro da Scuderia, o F1-75.

Várias pessoas no paddock da F1, fãs e muitos jornalistas especializados, passaram a considerar a equipe italiana como favorita na temporada 2022, algo que ninguém esperava que pudesse acontecer, diante do domínio demonstrado pela Red Bull e a Mercedes em 2021.

Porém, depois do aparente domínio da Scuderia no início do ano, ajudado também por algumas questões de confiabilidade da Red Bull, que também tinha seu RB18 muito rápido, e a Mercedes enfrentando sérios problemas com o W13, tendo um desempenho muito fraco, a Ferrari começou a enfrentar suas dificuldades, que fizeram a equipe italiana ficar cada vez mais atrás da Red Bull e de Max Verstappen, que no final do ano ficaram com os títulos de construtores e pilotos.

Já na quarta corrida da temporada, no GP da Emília-Romanha, as coisas começaram a não funcionar para a Ferrari. Carlos Sainz foi atingido por Daniel Ricciardo, então na McLaren, na largada e abandonou com sua Ferrari presa na caixa de brita, enquanto Leclerc que havia largado mais para trás, rodou sozinho e terminou a corrida na sexta posição.

Mas foi no GP da Espanha em maio, que realmente as coisas passaram a dar errado para a Scuderia. Leclerc que havia feito a pole, teve um problema no turbo e no MGU-H de sua unidade de potência, e teve que abandonar a corrida, que foi vencida por Verstappen, com Carlos Sainz terminando em P4.

No GP de Baku, duas corridas depois, mais problemas de confiabilidade para a Ferrari, com Sainz abandonando após apenas oito voltas com problemas hidráulicos, enquanto Leclerc abandonou na volta 21, com muita fumaça saindo de seu motor.

Na Áustria, a falta de confiabilidade do carro da Ferrari apareceu mais uma vez, e Sainz abandonou quase no final da corrida com o carro em chamas, quando estava próximo de conseguir uma dobradinha para a Ferrari, enquanto Leclerc vencia o GP. Depois disso, a Ferrari optou em reduzir a potência do motor, comprometendo a velocidade, mas tentando garantir menos problemas técnicos.
A Ferrari também recebeu diversas penalidades de grid, principalmente na segunda metade da temporada, devido à várias trocas de componentes do motor, tanto para Leclerc quanto para Sainz.

Porém, não foi apenas a confiabilidade que se tornou um grande problema para a Ferrari em 2022. A equipe cometeu inúmeros erros de estratégia ao longo do ano. Isso incluiu escolha de pneus erradas, chamadas em momentos errados para paradas no box, e demora na tomada de decisões que influenciaram diretamente no resultado de algumas corridas e obviamente do campeonato.

Um desses erros de estratégia que mais chamaram a atenção, foi no GP de Mônaco. Um verdadeiro caos aconteceu nos boxes da Ferrari, pois apenas algumas voltas após sua primeira parada, Leclerc foi chamado novamente. No entanto, logo em seguida, seu engenheiro gritou no rádio da equipe para o monegasco não parar, mas já era tarde demais, pois Leclerc já havia entrado no pit lane, e teve que esperar pela parada de Sainz, que tinha sido chamado pouco antes. Como resultado, o monegasco voltou para a pista na quarta posição, sem conseguir vencer sua corrida em casa, depois de ter largado na pole position.

No GP da Inglaterra em Silverstone, apesar da vitória de Sainz, Leclerc foi mais uma vez prejudicado por decisões erradas da equipe. O monegasco liderava a corrida, mas enquanto todos os pilotos atrás dele pararam para colocar pneus novos, a Ferrari demorou para chamar Leclerc para fazer sua parada, e não demorou muito para que fosse ultrapassado. Quando finalmente a equipe chamou o monegasco para trocar seus pneus, já era tarde demais (novamente) e ele terminou a corrida apenas em P4.

O Grande Prêmio da Hungria em julho, foi mais uma corrida problemática em termos estratégicos para a Ferrari. O holandês Max Verstappen recebeu uma penalidade de grid por troca de componentes do motor, e largou para trás. No entanto, a equipe italiana não se aproveitou da situação. Nenhuma equipe optou por utilizar pneus duros na corrida, exceto a Ferrari, que resolveu colocar pneus duros no carro de Leclerc em sua segunda parada (que deveria ser a última). Como todas as outras equipes já sabiam, os pneus duros proporcionavam pouquíssima aderência, e com isso, Leclerc foi obrigado a fazer uma terceira parada nos boxes, o que resultou em um P6, enquanto Sainz ainda conseguiu a quarta posição.

Fora as várias decisões equivocadas de estratégia, outro ‘fantasma’ assombrou os pilotos da Ferrari em 2022. Algumas paradas de box da equipe, também não foram exatamente um sucesso.

No GP da Holanda, por exemplo, quando Sainz parou para seu pit stop, a equipe tinha apenas três pneus prontos para serem colocados no carro do espanhol, que esperou mais de 12 segundos pela chegada do quarto pneu. Uma cena no mínimo bizarra.

Depois, na qualificação para o GP de São Paulo, que começou com chuva, Leclerc foi o único piloto entre os dez primeiros, que foi para a pista em Interlagos, com pneus intermediários no Q3, enquanto a pista estava seca o suficiente para pneus slick, que foram usados pelos outros nove carros na pista naquele momento. O resultado dessa escolha da Ferrari, foi apenas o P10 para Leclerc no grid da corrida sprint no sábado.

Não foram só problemas de confiabilidade e erros da estratégia que rondaram a Ferrari em 2022. Erros dos pilotos também aconteceram.

Sainz abandonou nos GPs da Austrália e do Japão, depois de bater sozinho nas barreiras de proteção graças a erros cometidos por ele mesmo. Ele também se envolveu em outros incidentes, que também provocaram seu abandono de corridas. No GP dos EUA, onde foi atingido por George Russell da Mercedes, e na corrida em Ímola, onde foi vítima de Daniel Ricciardo, então piloto da McLaren. Nesses dois últimos casos, a culpa não foi do espanhol.

Leclerc bateu algumas vezes em 2022, sendo que em uma das vezes, no GP da França, o monegasco liderava a corrida com ampla vantagem para Verstappen, quando saiu da pista sozinho e bateu de frente na barreira de proteção, abandonando a prova. O piloto gritou muito no rádio da equipe depois disso, com raiva dele mesmo pelo erro infantil que cometeu. Verstappen venceu essa corrida, e a partir daí passou a dominar totalmente a temporada.

Antes disso, em Ímola, Leclerc também havia cometido um erro ‘bobo’, que o levou a bater no muro. Nessa ocasião ele ainda conseguiu voltar para a corrida, mas terminou apenas na sexta posição, em um GP que pelo menos o pódio era quase garantido.

Diante de todos esses problemas enfrentados pela Ferrari em 2022, pode ser dito que a própria Scuderia ‘contribuiu’ bastante para não permanecer realmente na disputa pelo título com a Red Bull.

 

 

 

Anteriores F1: Brawn volta a falar sobre grids invertidos na categoria
Próxima F1: Kelly Piquet comenta sobre seu relacionamento com Verstappen