Juros futuros avançam, a despeito da tensão com PEC da Transição


Mesmo com o cenário fiscal incerto e recuos na véspera, os juros futuros no mercado doméstico registram alta firme, no final da sessão de hoje (16), especialmente aqueles com vencimentos no médio e longo prazos.

Na semana, o viés positivo se manteve, consolidando ‘ganho de inclinação’ para a curva, em que as taxas ‘caminharam’ para o que o mercado chama de ‘tendência natural’, isto é, a adição de prêmios, a despeito das incertezas do quadro fiscal.

De toda sorte, persiste a preocupação com relação quanto ao impacto fiscal da PEC da Transição, assim como o destino da Lei das Estatais, já alterada de forma casuística, sem contar o efeito político das nomeações de primeiro e segundo escalões, por parte do governo eleito.

Ao mesmo tempo, a ‘abertura de curvas’ no exterior exerceu influência no front interno, onde a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 passou de 13,89% (ontem, no ajuste) para 13,98%; o DI para janeiro de 2025 subiu de 13,59% para 13,82% (máxima) e o DI para janeiro de 2027 saltou de 13,38% (no ajuste de ontem) para 13,66% – na semana, estas aumentaram, respectivamente, 18,74 e 80 pontos-base.

Na avaliação do economista da BlueLine, Flávio Serrano, “segue o ambiente de incerteza fiscal para 2023 pressionando as taxas num dia em que os juros globais também estão subindo. O mercado está muito volátil, difícil de acertar tendência, com prêmios de risco já bem elevados”.

O avanço dos juros no mercado global, por sua vez, revela ‘sintonia’ com os Treasuries e bônus europeus, por sua vez, que sofreram pressão, durante a semana, dos bancos centrais, que sinalizaram novo ciclo de alta de juros, cujas taxas deverão ser mantidas por um longo período, a título de combater a inflação.

No plano político tupiniquim, também influencia a trajetória dos juros futuros a dificuldade do governo eleito em fazer avançar a PEC da Transição na Câmara, cuja votação deve ocorrer na próxima semana. De modo semelhante, há falta de consenso no Congresso para votar as mudanças na Lei das Estatais, de modo a ‘flexibilizar’ ainda mais seu texto, a fim de acomodar interesses de lideranças sindicalistas no comando das estatais.

Fonte: capitalist

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