SÃO PAULO, SP – A diretora da ONG ucraniana que foi uma das agraciadas com o Prêmio Nobel da Paz de 2022 afirmou neste sábado (10), ao receber a premiação em Oslo, que a paz na Ucrânia não se consegue “depondo as armas” contra a Rússia de Vladimir Putin.
“O povo da Ucrânia quer a paz mais do que qualquer um no mundo”, disse a diretora do Centro para as Liberdades Civis (CCL), Oleksandra Matviichuk, durante a cerimônia na capital norueguesa. “Mas a paz para um país atacado não se consegue depondo as armas. Isso não seria paz, mas ocupação”, acrescentou.
A CCL dividiu o Nobel da Paz com o ativista Ales Bialiatski, da Belarus, e o Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia.
Em seu discurso em Oslo, o presidente da Memorial, Ian Rachinski, criticou a “guerra sem sentido e criminosa” de Putin na Ucrânia.
Para Putin, “resistir à Rússia equivale a fascismo”, uma distorção que fornece “justificativa ideológica para a guerra sem sentido e criminosa de agressão contra a Ucrânia”, afirmou Rachinski.
Esposa representa premiado que está preso Preso desde julho de 2021, Ales Bialiatski, 60, foi representado na cerimônia em Oslo por sua esposa, Natallia Pinchuk, que disse que a Rússia quer transformar a Ucrânia em uma “ditadura dependente” como a Belarus.
Segundo Pinchuk, Bialiatski dedicou o prêmio a “milhões de cidadãos belarussos que se levantaram e agiram nas ruas e online para defender seus direitos civis”.
Pinchuk visitou o marido uma vez desde que ele foi nomeado ganhador do Nobel, atrás de uma parede de vidro na prisão, contou ela em entrevista coletiva na sexta-feira (9).
“Eu sei exatamente que tipo de Ucrânia serviria para a Rússia e Putin: uma ditadura dependente. O mesmo que a Belarus de hoje, onde a voz do povo oprimido é ignorada e desconsiderada”, disse Pinchuk no sábado, citando seu marido.
A polícia da Belarus deteve Bialiatski, 60, durante uma repressão aos opositores do ditador do país, Alexander Lukashenko.
Autoridades fecharam meios de comunicação não estatais e grupos de direitos humanos após protestos em massa em agosto de 2020 contra uma eleição presidencial que a oposição disse ter sido fraudada.
Bialiatski é a quarta pessoa a ganhar o Nobel da Paz enquanto está na prisão, depois do alemão Carl von Ossietzky, em 1935, do chinês Liu Xiaobo, em 2010, e de Aung San Suu Kyi, de Mianmar, que estava em prisão domiciliar, em 1991.