Há quase 60 anos, em 3 de fevereiro de 1962, o presidente dos EUA, John Kennedy assinou o Decreto 3447, introduzindo um embargo comercial contra Cuba. Visto que Washington não via outras variantes de enfraquecer o regime comunista de Fidel Castro a não ser criar obstáculos econômicos, segundo o artigo, foi precisamente nos anos 60 que foram lançados os alicerces da política “impiedosa” dos EUA, que agravava a vida de milhões de cubanos.
“É óbvio que o embargo contra Cuba é uma relíquia dos tempos da Guerra Fria, mas tal estratégia estava desde o início condenada ao fracasso e agora é preciso pôr fim a ela”, defendeu o colunista Scott McCann.
Apesar do colapso da União Soviética e da morte de Fidel Castro, o embargo não foi cancelado. Conforme o artigo, a questão depende diretamente dos eleitores do estado norte-americano da Flórida, que conta com uma grande comunidade cubana.
“55% dos cubanos da Flórida consideram que Havana representa uma ameaça para os EUA; 74% dos respondentes apoiam a política norte-americana de pressão máxima sobre o governo cubano, que visa derrubar o regime. Por isso, nem os democratas nem os republicanos querem correr o risco de perder seus votos”, salienta-se na publicação.
A principal razão da necessidade de cancelar o embargo é sua ineficácia: após 60 anos em vigor, apenas levou à fome e desespero, mas nada mudou no sistema político cubano. Depois da morte de Fidel Castro, o poder foi assumido pelo seu irmão Raúl, enquanto agora o país é chefiado pelo presidente Miguel Díaz-Canel.
Segundo as estimativas da ONU, devido ao embargo norte-americano, a economia cubana perdeu US$ 130 bilhões (R$ 676 bilhões). Entretanto, de acordo com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, ao longo dos últimos anos, as restrições contra a economia de Cuba custaram a Washington US$ 75 bilhões (R$ 910 bilhões).
“Ao mesmo tempo, a América perdeu um importante mercado de produção agrícola, além das perdas na esfera da saúde: assim, a vacina contra o câncer do pulmão CIMAvax-EGF, desenvolvida por Cuba em 2008, passou em ensaios clínicos nos EUA apenas em 2020”, diz o artigo.
Além disso, a ausência de apoio internacional ao embargo contra Cuba é outro argumento a favor de sua suspensão. Ao longo dos últimos 30 anos, a maioria esmagadora da Assembleia Geral da ONU tem votado contra o regime de sanções em relação a Havana.
Afinal de contas, a crescente influência chinesa na ilha indica o fracasso das políticas norte-americanas.
“Pequim doou a Cuba US$ 100 milhões (R$ 520 milhões) para mitigar a crise econômica. […] A China é o segundo parceiro comercial de Havana após a Venezuela, e em 2021 Cuba oficialmente se juntou à iniciativa chinesa de Nova Rota da Seda”, lembra o The National Interest.
Para concluir, o autor do artigo escreve que Washington deve passar a seguir o exemplo de seu adversário asiático e acabar com o embargo contra Cuba, a fim de restaurar sua influência tradicional no Hemisfério Ocidental.
Fonte: sputniknewsbrasil