Mais de 60% dos países em desenvolvimento estão ‘prestes a mergulhar’ numa crise da dívida. O alerta foi lançado, nessa terça-feira (7) pelo Banco Mundial (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – Bird), ao propor aos credores que ‘favoreçam’ a reestruturação dos passivos dessas economias, ‘antes que seja tarde demais’.
A preocupação do organismo internacional seria de que tais nações emergentes não consigam ‘honrar’ seus compromissos, caso se instale um novo ciclo de recessão global, seguido de desaquecimento econômico, nos próximos anos.
A previsão sombria do Bird se baseia no relatório anual da instituição, para quem a dívida dos países em desenvolvimento mais do que dobrou na última década, chegando á cifra astronômica de US$ 9 trilhões, em 2021, que deve continuar crescendo este ano.
Concorrem para esse cenário diversos fatores, prossegue o Banco Mundial, como a desvalorização das moedas em relação ao dólar (moeda em que as dívidas costumam ser contraídas), altas taxas de juros (que encarecem o crédito), além da elevação dos preços da energia, de alimentos e fertilizantes, o que serviria para ‘esgotar’ as reservas cambiais dos emergentes.
Em coletiva de imprensa, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, admitiu que “para os países em desenvolvimento, as perspectivas são sombrias, tanto no curto quanto no médio prazo”, acrescentando que “o acesso à eletricidade, fertilizantes, alimentos e capital permanecerá limitado durante um longo período”.
O encarecimento de insumos e matérias-primas, comenta Malpass, “agrava ainda mais as dificuldades dos países mais pobres, que já comprometem mais de 10% de sua renda anual com o pagamento da dívida, o que reduz as possibilidades de financiamento.
“A combinação de um altíssimo nível de endividamento e um aumento das taxas de juros levará a uma absorção significativa do capital global pelos países desenvolvidos por um longo período”, concluiu o presidente do Bird.
Fonte: capitalist