Morgan Stanley corta ações do Brasil em meio ao plano de gastos de Lula


O Morgan Stanley está se afastando do mercado de ações do Brasil, pois existe o risco de que o apetite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva por mais gastos atrapalhe as expectativas de cortes nas taxas de juros no próximo ano, relata a Bloomberg.

Segundo o veículo especializado, as ações brasileiras foram reduzidas para neutras de sobreponderação na carteira do banco na América Latina, já que estrategistas liderados por Guilherme Paiva sinalizaram o risco de Lula nomear um ministro da Fazenda heterodoxo e a taxa Selic permanecer mais alta por mais tempo em um cenário de política fiscal frouxa. 

Se isso se concretizar, “os próximos anos devem ser bons para os ativos de renda fixa brasileiros, mas não para as ações”, escreve Paiva. “Rendimentos reais de títulos mais altos devem minar a história de avaliação aparentemente atraente para ações.”

As ações brasileiras estão sendo negociadas a 6,8 vezes os lucros futuros, bem abaixo de sua média histórica de dez anos de 11,4 vezes, em meio à preocupação de que Lula seguirá políticas fiscais perdulárias na maior economia da América Latina. Embora os mercados locais tenham se mantido bem durante a maior parte do período eleitoral, eles estão com baixo desempenho desde que o líder esquerdista foi eleito no mês passado.

O Morgan Stanley vinha recomendando que os clientes adotassem uma exposição sobreponderada ao Brasil desde outubro de 2018, quando Jair Bolsonaro assumiu o poder prometendo cumprir uma agenda liberal de reformas econômicas. 

O índice Ibovespa deve terminar 2023 em cerca de 125.000 pontos, sugerindo espaço para um ganho de 15% desde o fechamento de sexta-feira, segundo o banco. Falando em um evento da Bloomberg na semana passada, o presidente do banco central, Roberto Campos Neto, disse que é muito cedo para comemorar a vitória na luta contra a inflação e que os formuladores de políticas reagirão se o crescimento dos preços não desacelerar em direção à meta.

O Ibovespa do Brasil subia 1% às 11h05, horário local, na segunda-feira, reduzindo as perdas acumuladas no mês. 

O Morgan Stanley também aproveitou a oportunidade para elevar o peso do México em seus laços com a economia dos EUA, o que deve evitar uma recessão em 2023. O índice Mexbol provavelmente terminará o próximo ano em 70.000, um aumento de 36% em relação a sexta-feira, já que o país pode se beneficiam de empresas que movem a produção para mais perto dos clientes – o chamado nearshoring – diz o banco. 

Nomes na lista do Morgan Stanley das principais ideias de ações latino-americanas incluem MercadoLibre Inc., Itaú Unibanco Holding SA, Porto Seguro SA, Sendas Distribuidora SA, Weg SA, Vale SA, Americanas SA, Fibra Prologis, Grupo Aeroportuario del Centro Norte SAB (OMA) e Credicorp Ltda.

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