Pouco mais de dois meses depois de anunciar a fusão de três empresas com negócios complementares no mercado de antecipação de recebíveis — Liber Capital, Bava e Evencard —, o executivo Marcelo Serfaty comemora a marca de R$ 50 bilhões movimentados pela nova empresa, chamada só de Liber.
A previsão era atingir a marca só em dezembro, diz Serfaty, executivo com trajetória longa no mercado financeiro.
Assine a newsletter EMPREENDA e receba, gratuitamente, conteúdos para impulsionar seu negócio!
Antes do cargo atual, ocupado por ele desde agosto, Serfaty foi presidente do conselho de administração do BNDES, além de um dos sócios controladores do banco Pactual (embrião do atual BTG Pactual, do mesmo grupo de controle da EXAME), sócio da gestora de venture capital G5 e conselheiro do Banco do Brasil.
O que faz a Liber
O negócio da Liber é colocar muita tecnologia para inibir fricções numa das atividades mais mal-compreendidas da economia brasileira: a concessão de crédito para capital de giro em pequenas e médias empresas.
Ao longo da história, a baixa penetração financeira dos brasileiros, aliada ao juro alto, fez muitos negócios recorrerem a agiotas, informais com pé em outros tipos de ilegalidades, para adiantar o recurso advindo de uma promessa de pagamento sem liquidez imediata — cheques pré-datados, duplicatas, notas promissórias e por aí vai.
A estabilidade da economia depois do Plano Real modernizou um bocado as coisas, com a popularização de factorings e o maior acesso a linhas de financiamento de capital de giro nos principais bancos, boa parte delas lastreada em recebíveis das empresas tomadoras desses recursos.
A falta de informação de qualidade sobre o tomador do crédito, muito em razão do uso limitado de tecnologia em várias partes da concessão de financiamento, aumentam o risco desse tipo de operação — e, via de regra, o juro cobrado pelo sistema financeiro.
A resposta da Liber ao desafio foi criando um markeplace conectando negócios de pequeno e médio porte fornecedores de produtos ou serviços a grandes empresas — um público volta e meia sedento por capital de giro — com investidores e bancos dispostos a emprestar dinheiro.
Qual é a aposta do marketplace
Dentro desse marketplace, a grande empresa serve como uma fiadora da capacidade de quitação de um crédito tomado mediante uma antecipação de recebível.
Para isso, os membros do marketplace têm acesso a informações financeiras das grandes empresas participantes, normalmente negócios com ação em bolsa e publicação periódica de balanços financeiros.
A aposta é na publicidade crescente dos fluxos financeiros entre as grandes empresas e suas fornecedores e isso aí servir de garantia aos credores sobre o risco da operação.
“A qualidade do crédito dos conglomerados presentes na plataforma da Liber é bem superior à das fornecedoras de menor porte delas”, diz Serfaty. “A missão da Liber é equalizar essa diferença.”
Na ponta da oferta de crédito, a aposta é numa competição saudável de instituições financeiras por quem oferece as melhores condições aos interessados no crédito.
O casamento do tomador de crédito com menor risco e a instituição financeira com mais condições de atender a demanda é feito com uso de inteligência artificial.
“Nossa plataforma faz uso de inteligência artificial com machine learning para direcionar as melhores opções para fornecedores, na medida em que os aproxima de financiadores de forma inteligente”, diz Serfaty.
Atualmente, 56 grupos econômicos, e seus fornecedores, estão no marketplace. Nas contas da Liber, o custo de crédito às empresas participantes cai em média 50% após a entrada delas no sistema.
Quem está à frente da Liber
Na frente dos donos de capital, estão no marketplace 15 bancos, 70 fundos e 1,5 mil investidores individuais.
Desde a sua fundação, em 2017, a Liber Capital cresceu, em média, 800% ao ano em volume transacionado e, atualmente, é responsável por cerca de 6% da carteira de crédito de programas de antecipação a fornecedores no Brasil provenientes de instituições financeiras e fundos de investimento.
Além de Serfaty, a Liber conta com Hélio Magalhães como chairman.
Como conselheiros, estão:
- César Pinela (DOMO Invest, MC1)
- Vagner Guzella (HDI Seguros)
- Renato Klarnet (G5 Partners)
- Marcus Schalldach (Jeri Participações, Confidence Câmbio)
- Marcos Póvoa (MC1)
Como sócios, além de Serfaty e Magalhães, estão:
- Leonardo Ribeiro
- Victor Stabile
- Leandro Sanabio
- Márcio Parizotto, (ex American Express e Bradesco), como sócio focado em tecnologia de dados.
Renomeada apenas como Liber em agosto, a empresa tem como investidores atuais G5 Partners e HDI Seguros.
LEIA TAMBÉM:
Fusão nas fintechs: Liber, de antecipação de recebíveis, se junta à Bava e traz Serfaty como CEO
Marcelo Serfaty: “O que vai limitar o crescimento das empresas é a falta de ESG, não de crédito”
Marcelo Serfaty deixa de fazer parte do conselho de administração do BB