Conformação do BRICS coloca grupo em destaque no setor de defesa, dizem especialistas


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O cenário da cooperação em defesa no BRICS foi pauta do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, no episódio da última segunda-feira (7). Para especialistas ouvidos pelas jornalistas Melina Saad e Thaiana Oliveira, há um grande potencial nesse área em razão da composição do BRICS.
O cientista político Lier Pires Ferreira, professor de relações internacionais do Ibmec, destaca que o BRICS é formado por três das cinco principais potências militares do mundo — Rússia, China e Índia, as três com poder bélico nuclear —, o que o tornaria “o principal bloco militar” do mundo depois da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

“Do ponto de vista bélico, estamos falando, talvez, do principal bloco militar em razão das capacidades agregadas. Claro, retirando desse cenário a OTAN”, afirma o especialista, citando a presença de Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha no bloco atlântico.

Ferreira sublinha que o BRICS não é um “bloco devidamente institucionalizado”, o que dificulta a análise sobre o potencial militar. O professor avalia que o caráter informal do bloco faz com que esses temas dependam da vontade política dos membros.

“O BRICS não é uma aliança militar como a OTAN, como foi no passado o Pacto de Varsóvia. Na verdade, a maior institucionalização do BRICS está no ponto de vista econômico-financeiro, com o Banco dos BRICS como a iniciativa mais ilustrativa”, declarou o professor.

O então candidato à presidência do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva recebe a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, em 26 de julho de 2022, em São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 31.10.2022

O especialista acredita que uma maior institucionalização do BRICS, com a criação de uma secretaria-geral e de um conselho de segurança podem ser passos importantes nesse sentido.

“O BRICS é visto como uma dimensão estratégica pelos países-membros, e para o Brasil e a África do Sul, muito particularmente — porque são os países mais ‘fracos’, se assim pudermos colocar entre aspas, dessa parceria —, como a possibilidade de se inserir na dinâmica global ressignificada no contexto do século XXI e seguintes.”

A professora Isabela Gama, especialista em segurança e teoria das relações internacionais e BRICS e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME), acredita que há um grande potencial de cooperação em defesa, mas é difícil de projetar a criação de uma aliança militar similar à OTAN em razão das resistências de Brasil e África do Sul.
Encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente da República, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, em 14 de maio de 2010 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 01.11.2022

“Difícil falar em BRICS em termo de cooperação militar, porque o Brasil, historicamente, não se coloca muito dentro de alianças militares. Não que a cooperação militar não possa acontecer”, afirma Gama.

Apesar disso, Gama aponta que “tem relevância a cooperação em termos de defesa” e destaca as parcerias relativas à defesa marítima e fronteiras.

“É, sim, relevante, mas não acredito que o Brasil vá se engajar na criação ou em um passo mais adiante da criação de uma aliança militar, por exemplo”, declara.

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