Enquanto os principais líderes da Europa são pressionados a buscar soluções para a crise energética no continente e novos parceiros para substituir o gás russo, estratégias que vão na contramão da preservação do meio ambiente seguem sendo consideradas e levadas a sério.
Enquanto alguns países na mesma zona euro insistem em punições para países com grande índice de desmatamento, como o Brasil, os esforços para garantir a segurança energética da UE parecem ilimitados.
Tim McPhie, por exemplo, defende um retorno às poluentes indústrias de carvão para substituir o gás russo.
“Uma das coisas que precisamos fazer a curto prazo, e por curto prazo quero dizer neste inverno e possivelmente no próximo inverno, é nos engajar na troca de combustível quando necessário”, disse.
O porta-voz defende que essa seria uma medida de curto prazo e disse que a Comissão Europeia já havia revisto as metas relacionadas aos planos de energia renovável e eficiência energética para 2030.
Enquanto isso, o Brasil, conforme noticiado pelo jornal O Globo, será duramente cobrado por um plano ambiental que agrade à zona euro ao longo dos encontros da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2022 (COP27), que ocorre entre os dias 6 e 18 de novembro, no Egito.
A União Europeia está lidando com as consequências da escassez no fornecimento de gás causada pela deterioração das relações com a Rússia. Neste início do outono no Hemisfério Norte, os Estados-membros da UE, incluindo França, Alemanha e Espanha, anunciaram planos nacionais para reduzir o consumo de energia e subsidiar indústrias afetadas.
A Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou que espera um déficit de gás de 30 bilhões de metros cúbicos na Europa no próximo verão do continente.
“Se o fornecimento de gás de gasoduto russo à UE cessar completamente e as importações chinesas de GNL [gás natural liquefeito] se recuperarem para os níveis de 2021, a Europa poderá enfrentar uma lacuna de oferta e demanda de 30 bilhões de metros cúbicos durante o principal período do verão para reabastecer o armazenamento de gás em 2023”, disse a AIE em relatório.
A agência disse que essa lacuna pode chegar a metade do gás necessário para preencher os locais de armazenamento com 95% da capacidade até o início da temporada de aquecimento de 2023–24.
A entidade defende que a Europa deve abster-se do otimismo excessivo com relação às reservas de gás em instalações de armazenamento subterrâneo e tomar medidas urgentes para se preparar para seu próximo inverno.
A agência acredita que uma implementação mais rápida de medidas de eficiência energética é necessária para se reduzir o risco de agravamento da crise energética.