Em comunicado sobre prevenção de guerra nuclear, Moscou promete garantir estabilidade global


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O Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu um comunicado nesta quarta-feira (2) reiterando a convicção de Moscou de que uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada, pedindo ainda que as potências nucleares façam tudo ao seu alcance para impedir o uso de armas de destruição em massa.
“A Rússia procede da relevância contínua dos acordos e entendimentos existentes no campo do corte e limitação de armas nucleares, bem como da redução dos riscos estratégicos e da ameaça de incidentes e conflitos internacionais com escalada para o nível nuclear. Afirmamos plenamente nosso compromisso à declaração conjunta dos líderes dos cinco Estados com armas nucleares sobre prevenir a guerra nuclear e evitar corridas armamentistas, de 3 de janeiro de 2022”, observou o comunicado.
“Estamos fortemente convencidos de que na atual situação complicada e turbulenta, causada por ações irresponsáveis e insolentes que visam minar nossa segurança nacional, a tarefa mais imediata é evitar qualquer confronto militar de potências nucleares”, destacou o ministério.
Moscou exortou as outras potências nucleares (EUA, França, Reino Unido e China) a “demonstrarem na prática” sua disposição de trabalhar para “resolver essa tarefa prioritária” de desescalada e “desistir da perigosa tentativa de infringir os interesses vitais uns dos outros, equilibrando-se à beira de um conflito armado direto e incentivando provocações com armas de destruição em massa”.
O último pode levar a “consequências catastróficas”, alertou o ministério.
Moscou reiterou a essência da doutrina nuclear da Rússia, que permite o uso de armas nucleares “exclusivamente em resposta a uma agressão envolvendo o uso de armas de destruição em massa ou uma agressão com o uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado estiver em jogo.”
O Ministério das Relações Exteriores pediu uma arquitetura de segurança internacional renovada com base na estabilidade estratégica, direitos iguais entre os Estados, segurança indivisível e um entendimento mútuo dos interesses de segurança centrais das nações.

Tensões na Ucrânia, Ásia e Coreia

A declaração ocorre em meio à escalada contínua das tensões entre Moscou e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre a Ucrânia, com o lado russo alertando que Kiev pode estar se preparando para usar uma “bomba suja” para acusar a Rússia de usar armas nucleares táticas. Além disso, na semana passada, Washington alertou que havia acelerado a implantação das recém-modernizadas bombas nucleares B61-12 nas bases da OTAN em toda a Europa.
As tensões nucleares também estão aumentando na região da Ásia-Pacífico, com a China alertando os EUA a não desencadear uma corrida armamentista regional após relatos de que Washington está considerando a implantação de bombardeiros estratégicos B-52 na Austrália. “Os comportamentos relevantes dos EUA aumentaram as tensões regionais, minaram seriamente a paz e a estabilidade regionais e podem desencadear uma corrida armamentista na região”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, em comunicado na segunda-feira (31).
A situação estratégica também se deteriorou na península coreana, com os militares norte-coreanos lançando até 17 mísseis e disparando 100 projéteis de artilharia nesta quarta-feira (2) em meio a contínuos exercícios conjuntos entre EUA e Coreia do Sul. A Coreia do Norte criticou Washington como o “principal culpado por destruir a paz e a segurança” e alertou que daria uma “resposta poderosa” caso Washington “continuamente persistisse nas graves provocações militares” perto de suas fronteiras. A nação revelou uma nova doutrina nuclear em setembro, permitindo que armas nucleares sejam usadas no caso de um inimigo nuclear iminente ou ataque convencional “fatal”.
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