ANNA TENÓRIO E ITALO NOGUEIRA
RECIFE, PE, E RIO DE JANEIRO, RJ – O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, não mencionou em discurso neste sábado (6) a presença das Forças Armadas no ato em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, anunciado para o dia 7 de setembro.
Em fala a apoiadores em Recife (PE) após uma motociata, Bolsonaro mencionou apenas a existência de um desfile militar em Brasília, na manhã do Dia da Independência.
“Temos algo tão ou mais importante que a nossa vida, que é a nossa liberdade. A grande demonstração disso peço que seja explicitada no próximo dia 7 de setembro. Estarei 10h em Brasília, num grande desfile militar, e às 16h em Copacabana, no Rio de Janeiro. Mas estarei ligado aqui. Terei uma satisfação muito grande caso tenha oportunidade de falar num telão com vocês que participarão desse movimento”, afirmou Bolsonaro.
A ausência da menção às Forças Armadas no ato do Rio de Janeiro ocorre um dia após a prefeitura publicar edital para contratação da estrutura para o evento considerando sua realização no centro da cidade, onde tradicionalmente ocorre todos os anos.
O desfile militar em Copacabana foi mencionado por Bolsonaro há uma semana, durante a convenção que lançou a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Governo de São Paulo.
“Sei que vocês [paulistas] queriam [que o ato fosse] aqui . Queremos inovar no Rio. Pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as forças auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana”, disse o presidente.
A escolha pegou as Forças Armadas de surpresa. O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, foi avisado da decisão um dia antes do anúncio, na sexta-feira (29), quando os preparativos para o evento estavam quase todos prontos.
O prefeito Eduardo Paes, porém, afirmou ter mantido a previsão de realização no centro porque não foi procurado por ninguém das Forças Armadas para informar sobre a alteração do planejamento.
“Ninguém pediu para mudar o desfile de 7 de setembro de lugar. O Exército brasileiro continua solicitando para fazer na [avenida] Presidente Vargas [no centro]. Por isso seguimos organizando lá! Se alguém pedir algo diferente, eu informo aqui!”, escreveu Paes em sua rede social neste sábado.
De acordo com o edital, estruturas de metal, toldos, arquibancadas, grades e sonorização serão adquiridas e instaladas para o desfile, com custo estimado de R$ 318.035.
O pregão eletrônico, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública do RJ, também detalha a posição do que deve ser instalado –especialmente as tribunas e arquibancadas, com tudo em volta do Monumento a Duque de Caxias.
Nesta sexta-feira (5), Paes disse que o evento será no local “aonde o Exército solicitou e aonde sempre foi feito”. Ele também disse que “não trabalha na birra nem na fofoca”.
“Preferências políticas e administração são coisas distintas. E as posições políticas aqui sempre foram claras”, escreveu.
Na terça-feira (2), também no Twitter, Paes havia se colocado “inteiramente à disposição do governo federal”, mas disse que o evento demanda uma “logística bastante complexa”. O prefeito ressaltou a estrutura necessária e a demora para montagem.
“Obviamente, desafios que podem ser superados desde que se tenha organização e planejamento e se permita modificações na estrutura tradicional do evento”, disse.
Bolsonaro desembarcou em Pernambuco em meio a um contexto de esforço para melhoria dos resultados das pesquisas eleitorais, principalmente com busca de melhor aceitação no Nordeste.
A motociata deste sábado foi acompanhada por milhares de apoiadores do presidente. Este já é o terceiro encontro de motos realizado por Bolsonaro no Estado. Na ocasião, Bolsonaro percorreu todo o trajeto mais uma vez sem capacete, concedendo uma entrevista.
O presidente participa nesta tarde da Marcha para Jesus no Recife. Apesar do propósito religioso do encontro, apoiadores de Bolsonaro carregaram faixas antidemocráticas. Foram entoadas palavras de ordem a favor do presidente e dos candidatos estaduais, além de se distribuir adesivos.
Esta é a primeira agenda do presidente após as convenções do PL em Pernambuco. Na ocasião, a chapa apoiada pelo presidente o acompanhou durante todo o dia: o candidato a governador Anderson Ferreira (PL), a candidata a vice Izabel Urquiza (PL) e Gilson Machado Neto.