Bolsonaro apareceu para a entrevista ao lado do ex-juiz Sérgio Moro. Ele discorria sobre uma questão envolvendo a transferência de Marcola, um dos líderes do PCC, quando decidiu associar o caso a uma visita de Lula ao Complexo do Alemão. Na ocasião, o petista usou um boné com as letras “CPX” – que no Rio de Janeiro se referem a “complexo”.
“Um dos programas do PT, que o Lula até não contestou, é voltar a campanha do desarmamento. E eu perguntei pra ele se ele conversou lá com a facção do CPX”, disse Bolsonaro na entrevista.
Na sequência, um repórter lembrou o presidente que quem havia organizado aquela agenda no Complexo do Alemão havia sido Renê Silva, um comunicador conhecido pelo trabalho social junto a favelas cariocas. E indagou por que Bolsonaro “insistia nessa mentira” de que Lula havia se encontrado com traficantes.
O presidente, então, se irritou. “Você tem moral para me chamar de mentiroso?”, perguntou Bolsonaro. O repórter, então, insistiu que aquela menção a encontro com traficantes era uma mentira. Bolsonaro se retirou logo na sequência.
Transferência de Marcola
Antes de Bolsonaro aparecer para a entrevista, o ex-governador de São Paulo e vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, apareceu para um pronunciamento de pouco mais de um minuto e meio. Ele pediu que se verificasse um trecho na página 150 do livro escrito por Sérgio Moro.
“Diz o Moro no livro, que escreveu depois que deixou o Ministério (da Justiça e Segurança Público, no início do governo Bolsonaro): …mas a poucos dias da deflagração da Operação Império, fui surpreendido com uma mensagem dele, Bolsonaro, no meu celular, sugerindo o cancelamento das transferências. Bolsonaro disse estar receoso de possíveis retaliações do crime organizado contra a população civil, e temia que se isso acontecesse o governo federal fosse responsabilizado, inclusive com impeachment no Congresso”, relatou Alckmin. A fala do candidato a vice de Lula era em referência a um momento do debate em que Bolsonaro declarou que Lula e Alckmin não quiseram transferir Marcola em 2006.
Na coletiva, Moro pediu a Bolsonaro para falar sobre o caso. “Dois dias antes de quando estava marcada (a transferência), o presidente externou essa preocupação de cancelar a operação. Mas de fato é que não cancelou. E se houve algum receio de fazer essa transferência, foi por dois dias, e o presidente mudou de opinião. Enquanto que o governo do PT e o governo de Geraldo Alckmin se omitiram diante das 50 mortes de policiais e dos atentados terroristas de 2006?, declarou Moro.