Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, confirmou que planeja realizar em novembro uma visita à China com uma delegação empresarial, informa na sexta-feira (22) o jornal South China Morning Post.
A revelação, que aconteceu em uma reunião de sexta-feira (21) do Conselho Europeu, acontece em um cenário de tensão entre a China e a União Europeia (UE).
Críticos da viagem, os países bálticos defenderam uma abordagem comum dos Estados-membros da UE em relação a Pequim, sem negociações separadas.
“Penso que nos devemos concentrar no formato 27+1. É claro que os grandes países têm suas formas e suas possibilidades para fazer isto separadamente, mas acho que este formato é para o benefício de todos, tendo em conta o que se está passando na China”, opinou Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia.
“O interesse deles é nos separar, enquanto o nosso é ficarmos juntos. Também é importante que não realizemos negociações separadas com a China, porque isso significaria que somos fracos como uma união”, acrescentou ela, em uma opinião compartilhada por Krisjanis Karins, homólogo da Letônia.
“Nós lidamos melhor com a China quando somos 27, não quando somos um e um”, disse. Para ele, a UE tem que “garantir que a China esteja no lado certo da história”, em referência à operação militar especial da Rússia na Ucrânia.
Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia, foi ligeiramente mais conciliatória nas suas declarações. Ela argumentou que “não devemos depender de regimes autoritários em questões críticas […] mas isso não significa que não possam existir relações econômicas com a China“. Já Alexander de Croo, primeiro-ministro da Bélgica, afirmou que apesar de ser parceira em “certas questões, como a mudança climática”, em algumas áreas a China tem mostrado “comportamento hostil”.
Os aliados da coalizão governista alemã, o Partido Democrata Livre e os Verdes, também criticaram Scholz pela possível venda de uma participação de 35% no porto de Hamburgo à Cosco, uma empresa estatal chinesa.
“O Partido Comunista da China não deve ter acesso à infraestrutura crítica de nosso país“, avaliou Bijan Djir-Sarai, o secretário geral dos democratas livres, orientados a favor do mercado livre. Marcel Emmerich, membro do Parlamento dos Verdes, também salientou que a infraestrutura crítica da Alemanha não deve servir de “brinquedo para os interesses geopolíticos de outros”.
Em março de 2021 a União Europeia pausou a implementação de um acordo de comércio livre com a China que estava sendo desenvolvido há anos. Após acusar as autoridades chinesas de um alegado genocídio de uigures na região chinesa de Xinjiang, Bruxelas impôs sanções aos supostos responsáveis pelo evento. Em resposta, Pequim aplicou sanções a quatro entidades e dez responsáveis da União Europeia.