Ontem, terça-feira (11), o The Wall Street Journal relatou que as autoridades estadunidenses alertaram os líderes sauditas de que o corte seria visto como uma escolha clara de Riad de ficar ao lado da Rússia no conflito na Ucrânia e que a medida enfraqueceria o apoio de Washington ao país. No entanto, Riad recusou atender o pedido norte-americano de adiar por um mês os cortes de produção de petróleo pela OPEP+.
“É extremamente errado por parte dos EUA culparem a Arábia Saudita pela decisão coletiva da OPEP+. Ainda mais, é estranho ameaçarem com o rompimento dos laços bilaterais, mesmo que parcialmente”, ressaltou o especialista.
O analista lembra que a decisão foi tomada de forma coletiva, por 20 países, além da Rússia e Arábia Saudita, e que, de acordo com suas palavras, “no momento, Washington também obtém grande benefício da cooperação com o reino, inclusive das entregas de armas”.
“Será que eles estão prontos para cortar sua fonte de renda?”, pergunta.
Além disso, Abdallah Assaf aponta que a decisão da OPEP+ é de caráter exclusivamente econômico. A OPEP+ foi criada para estabilizar o mercado petrolífero, e faz isso mesmo, disse. Portanto, na opinião do especialista, não é correto por parte de Washington ver motivos políticos por trás desta medida.
“Há uma sensação de que o establishment político norte-americano liderado pelo presidente [Joe] Biden utiliza qualquer pretexto para fomentar o sentimento anti-saudita dentro dos EUA e depois justificar os seus próprios ataques ao Reino da Arábia Saudita”, afirmou.
“Até agora, Washington e Riad tiveram uma forte relação estratégica, apesar da retórica americana contra nossos outros parceiros. Pelo menos, o reino tem sabedoria suficiente para não escalar. Mas para Washington, infelizmente, não podemos fazer o mesmo”, resumiu.