Da Redação
A Bronca Popular
Um psiquiatra forense, que preferiu não ser identificado, avaliou que as justificativas apresentadas pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro — conforme relatos atribuídos a ele nos autos do processo — para tentar romper sua tornozeleira eletrônica “dificilmente se sustentam do ponto de vista técnico”.
Segundo informações inicialmente divulgadas pela imprensa, Bolsonaro teria afirmado inicialmente que tentou romper o equipamento com um ferro de solda “por curiosidade”. Já na audiência de custódia, teria alegado um possível “surto medicamentoso”, supostamente relacionado ao uso de sertralina e pregabalina.
O psiquiatra ouvido pela reportagem explica que essa combinação pode causar sonolência, confusão leve ou desorientação, mas não costuma desencadear um surto psicótico verdadeiro, muito menos um suficientemente organizado para levar alguém a executar uma ação planejada, como romper uma tornozeleira.
Usar ferramentas, aplicar força no ponto certo e insistir até romper o equipamento exige planejamento. Isso é incompatível com um surto real
“Usar ferramentas, aplicar força no ponto certo e insistir até romper o equipamento exige planejamento. Isso é incompatível com um surto real”, afirmou.
Para o especialista, a mudança de versão reforça a fragilidade da alegação. “Surtos não começam depois de uma explicação e não desaparecem imediatamente após um ato. Eles têm evolução clínica identificável, coisa que peritos conseguem reconhecer rapidamente”, disse.
Ele também lembra que surtos genuínos costumam ocorrer em pessoas com histórico psiquiátrico prévio, o que precisa ser comprovado por prontuários, testemunhos e exames. Sem isso, a tese tende a ser rejeitada.
“As justificativas apresentadas — seja curiosidade ou surto — não encontram correspondência nos padrões clínicos conhecidos. São versões que dificilmente se sustentam tecnicamente”, concluiu o psiquiatra.
Fonte: abroncapopular






