DP World avança no reefer com carnes a islâmicos


A emiradense DP World deu detalhes de dois contratos de longo prazo recém-firmados com Maersk e Hapag-Lloyd, que devem ampliar a participação de seu terminal no Porto de Santos no envio de proteínas animais para o exterior.

Segundo o CEO da empresa, Fabio Siccherino, os contratos vão iniciar a movimentação de cargas desses armadores no terminal, ambos grandes transportadores de contêineres frigorificados (reefer), usados, por exemplo, para o transporte de carnes, e com atuação nas principais rotas com destino a países muçulmanos.

“Fechamos dois contratos […], um deles [com a Hapag-Lloyd e outro] com a Maersk, que é um dos líderes nas exportações de cargas reefer”, afirmou Siccherino em fala nesta terça (28), em São Paulo, no Global Halal Brazil Business Forum 2025, evento dedicado à discussão de oportunidades no comércio entre o Brasil e países muçulmanos.

“[Esses] armadores possuem uma frota de contêineres reefer mais voltada para atender esses países [muçulmanos] e não operavam até então no terminal da DP World ”, avançou. “Agora estamos […] discutindo com nossos acionistas em Dubai qual é a infraestrutura adequada [e] mais competitiva para as exportações brasileiras para os países islâmicos [… e] em conjunto com [..] Maersk e Hapag-Lloyd”, disse.

Atrás de Paranaguá e Itajaí, Santos é o terceiro porto mais usado pelos frigoríficos brasileiros para enviar seus produtos a clientes no exterior. Siccherino credita a preferência pelos portos da Região Sul à menor conectividade dos terminais de Santos com as linhas marítimas preferidas pelos exportadores.

“O grande desafio é como a gente consolida o Porto de Santos como um porto atrativo e competitivo para as operações e para esse trade [comércio] Brasil–países islâmicos”, afirmou o CEO da DP World.

Com os contratos recém-firmados com Maersk e Hapag-Lloyd, o executivo espera oferecer uma nova opção de embarque aos exportadores, de olho no avanço das exportações brasileiras de derivados de proteínas animais.

De acordo com dados da plataforma ComexStat, do Governo Federal, em 2024, as exportações de carne bovina cresceram 21,81%, para US$ 12,73 bilhões. As de frango avançaram menos, 1,22%, ainda assim para relevantes US$ 9,08 bilhões.

Chamam atenção os envios para os países islâmicos. Os 57 países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI) responderam por 17,25% das receitas totais de carne bovina — US$ 2,20 bilhões — e registraram avanço de 68,87% só em 2024.

No frango, os muçulmanos são ainda mais relevantes. Responderam por 42,73% das receitas — US$ 3,88 bilhões —, com vendas à OCI avançando 9,6% só em 2024, além de crescimento ininterrupto nos cinco anos anteriores.

Siccherino vê nesse comércio uma oportunidade para ampliar a cooperação entre o Brasil e o mundo muçulmano. Em painel sobre parcerias estratégicas, ele destacou a importância de o Brasil criar mecanismos para facilitar investimentos.

“O Brasil precisa ter um sistema fluido para receber investimentos estrangeiros e […] materializá-los”, disse o executivo. “A gente quer o Brasil aumentando a sua participação no comércio internacional”, finalizou.

Em doze anos em Santos, a DP World investiu mais de R$ 3 bilhões, a maior parte no terminal que opera, hoje capaz de movimentar 1,4 milhão de TEUs (equivalente a contêiner de 20 pés) e 5 milhões de toneladas de celulose por ano.

Realizado pela Câmara Árabe-Brasileira e pela Fambras Halal, o Global Halal Brazil Business Forum 2025 tem patrocínio de MBRF, Modon, Seara Alimentos, Eco Halal, Emirates, Grupo MHE9, Prime Company, Carapreta Carnes Nobres e SGS.

Fonte: noticiasagricolas

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