Taxas dos DIs sobem ainda sob influência do Fed e após dados fortes de emprego


Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em alta, repercutindo a decisão do Federal Reserve na véspera, que colocou em dúvida novo corte de juros nos EUA em dezembro, e os dados de geração de empregos formais no Brasil em setembro, acima do esperado.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,235%, em alta de 7 pontos-base ante o ajuste de 13,161% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,65%, com elevação de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,604%.

Na véspera a curva brasileira já havia subido na esteira da decisão do Fed, que cortou sua taxa de juros em 25 pontos-base, como esperado, mas colocou em dúvida nova redução no mês de dezembro. Comentários do chair da instituição, Jerome Powell, ainda na tarde de quarta-feira reforçaram as apostas de que o Fed pode manter a taxa de juros na faixa de 3,75% a 4,00% em dezembro, ainda que a probabilidade de novo corte de 25 pontos-base siga majoritária.

O movimento de alta em função do Fed continuou nesta quinta-feira no exterior — onde o dólar e os rendimentos dos Treasuries subiam – e no Brasil, em toda a curva.

Dois profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, durante a tarde, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, ajudaram a sustentar as taxas futuras no Brasil.

O país abriu 213.002 vagas formais de trabalho em setembro, acima da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 180.750 vagas. Os cinco grupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos de vagas em setembro, com o setor de serviços na liderança, com 106.606 postos.

O mercado de trabalho ainda aquecido, na visão do mercado, é um fator de pressão inflacionária, o que dava força às taxas dos DIs nesta quinta-feira.

Às 15h18, já após a divulgação do Caged, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 13,265%, em alta de 10 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Perto do fechamento da sessão regular no Brasil a curva precificava 100% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na semana que vem.

Ainda que com impactos menores sobre a curva, a questão fiscal também seguiu permeando os negócios no Brasil. O Tesouro informou pela manhã que o governo central registrou um déficit primário de R$14,497 bilhões em setembro, bem superior ao saldo negativo de R$5,170 bilhões registrado no mesmo mês de 2024.

Apesar de um rombo menor que o esperado pelo mercado, o saldo foi o pior para meses de setembro desde 2020 em dados corrigidos pela inflação, quando ficou negativo em R$103,9 bilhões em meio às ações de enfrentamento à pandemia de Covid-19. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o dado, que compreende as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social, seria deficitário em R$15,3 bilhões no mês.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam com ganhos firmes neste fim de tarde — ainda influenciados pelo Fed, mas também em sintonia com o avanço quase generalizado do dólar ante outras divisas, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um acordo comercial com a China.

Trump disse que concordou com o presidente da China, Xi Jinping, em reduzir as tarifas sobre o país asiático, em troca de Pequim reprimir o comércio ilícito de fentanil, retomar as compras da soja norte-americana e manter as exportações de terras raras. Trump afirmou que as tarifas sobre as importações chinesas serão reduzidas de 57% para 47%.

Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 4 pontos-base, a 4,093%.

Fonte: noticiasagricolas

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