Cinco momentos que o Ocidente abalou a paz na América Latina


A Sputnik Brasil listou outros cinco momentos nos dois últimos séculos, além do histórico recente de impasses contra a Venezuela, em que governos do Ocidente interferiram de alguma forma na soberania de nações da América Latina e mudaram o rumo das coisas.

1 – Apoio à Ditadura Militar no Brasil

Durante a Guerra Fria (1947-1991), os Estados Unidos adotaram uma política de “contenção” do comunismo, o que levou a um apoio explícito a regimes militares autoritários que promovessem uma agenda anticomunista, mesmo que violassem direitos humanos.
Foi assim no Golpe de Estado no Brasil (1964), onde os EUA forneceram apoio logístico, financeiro e político para derrubar o então presidente João Goulart, visto como uma ameaça à estabilidade regional sob a ótica estadunidense, o suficiente para o estabelecimento de uma ditadura militar.

© Tânia Rêgo/Agência BrasilExposição realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro trouxe registros da ditadura militar brasileira em 1973. Rio de Janeiro (RJ), 30 de agosto de 2023

Exposição realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro trouxe registros da ditadura militar brasileira em 1973. Rio de Janeiro (RJ), 30 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.10.2025

Exposição realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro trouxe registros da ditadura militar brasileira em 1973. Rio de Janeiro (RJ), 30 de agosto de 2023
O padrão de intervenção se repetiu em outros golpes militares no Cone Sul, como no Chile (1973) e na Argentina (1976).

2 – Operação Condor

Em 1975, governos das ditaduras de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai se reuniram em Santiago. O objetivo do encontro era, entre outros, elaborar uma campanha de repressão política e assassinatos de opositores.
A intentona contava com apoio dos EUA. A CIA, por exemplo, chegou a fornecer treinamento, inteligência e até apoio financeiro para essas operações, que resultaram em milhares de mortes e desaparecimentos de vítimas.
Os EUA também elaboraram a Doutrina de Segurança Nacional (DSN), durante a Guerra Fria, para combater a “ameaça comunista”. O modelo foi difundido nos países do Cone Sul, que passaram a lançar mão do uso da força de modo indiscriminado, sob o pretexto de defender a nação.
Manifestantes, um deles agitando uma bandeira uruguaia, carregam cartazes com imagens de pessoas desaparecidas durante a ditadura uruguaia de 1973-85 durante uma marcha em Montevidéu, Uruguai - Sputnik Brasil, 1920, 21.06.2023

3 – Invasão do Panamá

No início do século XX, os Estados Unidos prometeram apoiar a independência do Panamá da Colômbia em troca do controle sobre o seu canal, que, futuramente, passaria para as autoridades locais. Em uma análise feita outrora à Sputnik Brasil, Bete Herrera, jornalista e professora panamenha, disse que o Tratado Hay-Bunau-Varilla “deu para os Estados Unidos o direito à perpetuidade de estar no Panamá, em um território onde os panamenhos não tinham o direito de entrar.”
Assim sendo, em 1989, os Estados Unidos invadiram o Panamá, na então chamada Operação Just Cause, para derrubar o então presidente Antonio Noriega. Para justificar a ação, os norte-americanos usaram argumentos já bastante conhecidos: destacaram Noriega como ditador e balizaram a ação militar como uma operação para trazer novamente democracia ao país latino-americano e garantir a segurança do Canal do Panamá.

© AP Photo / Matias DelacroixNavio de carga atravessa as eclusas de Agua Clara, do canal do Panamá, em 2 de setembro de 2024

Navio de carga atravessa as eclusas de Agua Clara, do canal do Panamá, em 2 de setembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 30.10.2025

Navio de carga atravessa as eclusas de Agua Clara, do canal do Panamá, em 2 de setembro de 2024
Na realidade, a invasão estava ligada a interesses geopolíticos e econômicos, como a manutenção do controle do Canal do Panamá. O saldo, entretanto, foi de centenas de mortes e gerou forte oposição internacional.

4 – Guerras às drogas

A guerra às drogas foi oficialmente declarada ainda pelo presidente Richard Nixon em 1971, ao descrever o uso e o tráfico de drogas como “inimigo público número um” dos EUA. Mas foi a partir dos anos 1980, especialmente sob Ronald Reagan e George H. W. Bush, que a estratégia passou a ter forte dimensão externa, focando na América Latina como principal origem das drogas mais consumidas nos EUA.
Desde a institucionalização da medida, foram financiadas forças de combate e repressão ao tráfico de drogas, como a Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês), além de intervenções diretas ou indiretas em diversos países da América Latina.
Rifle estilo AR-15 fabricado pela Battle Rifle Co. é exibido em Webster, Texas. EUA, 15 de março de 2017 - Sputnik Brasil, 1920, 06.03.2025

Talvez as repressões na Colômbia tenham sido as mais latentes, com o Plano Colômbia (1999–2000) sendo posto em prática. A iniciativa de cooperação militar e econômica dos EUA com a Colômbia tinha como principal objetivo combater o narcotráfico e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
A política ostensiva de reprimenda aos narcóticos não ficou para trás na política norte-americana. Dois grandes exemplos evidenciam que a medida permanece viva: as hostilidades dos Estados Unidos contra a Colômbia e a insistência do governo de Donald Trump em classificar grupos ou facções criminosas como organizações terroristas, o que permitiria envolvimento direto das forças estadunidenses nos territórios onde os eventuais grupos estão instalados.

5 – Guerra das Malvinas

A Guerra das Malvinas travada em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido é resultado de uma disputa histórica entre os dois lados pelo arquipélago no Atlântico Sul e mostra, mais uma vez, a intromissão do Ocidente.
À época, a Argentina ocupou o território em uma operação militar e esperava que o Reino Unido não reagisse à sua reivindicação de soberania. Entretanto, o país europeu enviou tropas e iniciou um conflito que matou centenas de pessoas.
Ex-combatente argentino segura medalha em homenagem aos 40 anos do início da guerra contra o Reino Unido pela posse das ilhas Malvinas (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 04.04.2024

A guerra balançou o regime vigente na Argentina e movimentou o país pela queda da sua ditadura militar. Mas, em relação ao território ultramarino, a derrota permaneceu e as Malvinas seguem sob o controle britânico.
Logo da emissora Sputnik - Sputnik Brasil
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Fonte: sputniknewsbrasil

Anteriores Trigo: Paraná pode superar recorde de produtividade de 2016
Próxima Espada raríssima e objetos decorativos são achados em túmulo de um guerreiro ávaro na Hungria (FOTOS)