Visitamos a fábrica na China que faz um carro a cada 53 segundos usando IA


A China tem mais de 100 marcas de carros. Logo, há um extenso parque fabril, com centenas de fábricas. Algumas mais automatizadas, outras com maior quantidade de força de trabalho humana. Porém, apenas uma recebe uma distinção de “fábrica farol” pelo Fórum Econômico Mundial, reconhecimento por práticas modernas e sustentáveis. É a unidade da GAC em Guangzhou, no sul do país, responsável por fazer carros elétricos das submarcas Aion e Hyptec.

Autoesporte conheceu a linha de montagem final da Lighhouse Factory, que recebe este nome por adotar mais de 40 conceitos da indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, sendo uma espécie de modelo para outras unidades. No local, há uso extenso de automação e inteligência artificial para tornar a produção mais ágil, ao mesmo tempo que reduz os impactos ambientais.

Para melhorar a produtividade e a ergonomia dos 2 mil trabalhadores, há ações simples, como o ajuste de altura da correia transportadora e a eliminação de papel no local. Todas as informações são exibidas em telas espelhadas pela linha de montagem.

Outras medidas são mais extremas. O abastecimento das estações de trabalho é feito de forma autônoma e controlado por inteligência artificial (IA), gerando duas consequências: o aproveitamento na distribuição de materiais aumentou em 67%. Já o tempo de preparação da linha para fazer diferentes modelos foi reduzido na mesma proporção. Com isso, aumentam as possibilidades de personalização. Ao todo, são mais de 100 mil combinações entre modelos, cores e equipamentos.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte

Inicialmente, o ritmo de produção dava conta de entregar um carro pronto por minuto. Hoje, o tempo caiu para 53 segundos. Para ganhar estes aparentemente inofensivos, mas preciosos 7 segundos, foram necessários ajustes na operação de quase 500 trabalhadores e 220 estações de trabalho.

Segundo a GAC, a unidade também é a primeira do país a atingir a neutralidade de emissões de carbono. Isso aconteceu em 2023, quando ações como a adoção de painéis fotovoltaicos, armazenamento e uso de energia limpa fizeram com que 55 mil toneladas de gás carbônico (CO2) deixassem de ser emitidas. As placas instaladas no teto são capazes de prover metade da energia utilizada no local.

Atualmente, saem da Lighthouse Factory os modelos Aion V, Hyptec HT, ambos já à venda no Brasil, além do recém-lançado Hyptec HL e do superesportivo SSR, este último montado em uma linha à parte e com processos praticamente artesanais.

Ao todo, podem ser feitos 200 mil carros por ano ali. Além dos 2 mil funcionários, há cerca de 300 robôs exercendo atividades como fixação dos vidros e montagem dos bancos.

A impressão é de que poderia haver ainda mais processos automatizados. Mas também tivemos a sensação de que toda a produção é bastante compacta. A área total, de 80 mil m², não impressiona. Cada setor fica bem próximo um do outro.

O mesmo acontece com os carros e os funcionários. O espaço entre eles é surpreendentemente pequeno. Há instalações para estamparia, armação, pintura, montagem e instalação da bateria.

Inaugurada em 2018, a fábrica é a mais nova e moderna da GAC em Guangzhou. Mas não é a única. A GAC é uma das maiores fabricantes da China. É a única companhia do mundo que produz, ao mesmo tempo, para Honda e Toyota. Mas os veículos das japonesas são feitos em outras fábricas espalhadas pela China.

A Lighthouse Factory se destaca também pelo visual moderno e limpo. A entrada sequer se parece com uma unidade produtiva. Há um showroom com vários modelos da GAC, além de uma bateria desmontada.

Um grande painel mostra, em tempo real, quantos carros conectados da GAC estão ativos, onde se localizam e qual a quilometragem percorrida por eles. De acordo com a fabricante, o monitoramento existe para detectar mais rapidamente qualquer anomalia nas baterias. No momento da visita, havia um total de 600 mil veículos conectados, de uma frota de mais de 1,8 milhão de unidades com a tecnologia.

A Lighthouse Factory parece ter dado certo. Tanto que a GAC replicou o modelo na fábrica que inaugurou há pouco mais de um ano na Tailândia. A empresa já disse que o estilo será replicado também em outros locais. Com promessa de produção no Brasil e anúncio de investimentos bilionários, não é improvável pensar que a mais moderna fábrica de carros do país deve surgir nos próximos anos pelas mãos dos chineses.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Segredo: novo Honda HR-V será primeiro híbrido flex da marca no Brasil
Próxima Vídeo: BYD Song Pro ou Hyundai Creta, qual vale mais a pena por R$ 200 mil?