A Leapmotor, marca chinesa de carros eletrificados do grupo Stellantis, anunciou que vai começar a operar no Brasil em novembro com o SUV grande C10. Autoesporte apurou, no entanto, mais detalhes do plano da estreante. Um deles é que o início das vendas vai acontecer antes do Salão do Automóvel, com abertura prevista para 22 de novembro. Ou seja, os modelos estarão no estande da marca, mas já à disposição do público em uma rede de 36 lojas.
Falando nas concessionárias, cerca de dois terços vão compartilhar endereço com outras marcas da Stellantis. O restante, entre 11 e 12, serão lojas solo, sem qualquer divisão de terreno. Porém, logo de cara, os pontos de venda terão apenas um produto no showroom, exatamente o C10 apresentado nesta terça-feira (7). Falaremos dele mais adiante.
Uma informação inédita é que o B10, antes confirmado para estrear de forma paralela ao C10, acabou ficando para um segundo momento. Fernando Varela, vice-presidente da Leapmotor para a América do Sul, afirmou que o SUV médio elétrico será lançado no início de 2026.
Estamos falando de um SUV um pouco maior que o Jeep Compass e que chega para concorrer com BYD Yuan Plus, Geely EX5, Omoda 5 e GAC Aion V, todos chineses. Na especificação chinesa, tem 4,52 metros de comprimento e entre-eixos de 2,74 m. O porta-malas, por sua vez, fica devendo. São 420 litros, menos do que os modelos similares — à exceção do Compass, que tem bagageiro de 410 litros. As rodas são de 18 polegadas.
A respeito de motorização, o B10 tem uma unidade elétrica posicionada na traseira (assim como a tração) que entrega 218 cv e 24,5 kgfm de torque. Há duas configurações de bateria: 56,2 kWh, para autonomia de 380 km no padrão chinês, ou 67,1 kWh, com alcance de 460 km no mesmo (e otimista) ciclo.
Já o C10 chega com duas motorizações: elétrica e híbrida em série, em que há um motor a gasolina (o 1.5 citado acima), mas que atua exclusivamente como gerador, sem tracionar as rodas. A Leapmotor ainda estuda aumentar o número de versões de cada variante mecânica, segundo Varela.
A chegada da Leapmotor ao Brasil também marca um ponto de virada na história da Stellantis. Acostumada a ter marcas de diferentes nacionalidades, com culturas empresariais distintas, pela primeira vez tem uma chinesa como parceira em seu portfólio de fabricantes.
Com isso, abrem-se oportunidades para aproveitar o que há de melhor na tecnologia vinda da China, além de poder aplicar melhorias desenvolvidas pela engenharia brasileira.
O C10, por exemplo, já passou pelo time de engenharia da Stellantis, sediado em Betim (MG). Por lá, recebeu ajustes, a fim de tornar o carro mais próximo ao gosto dos brasileiros. O que muitos chamam de tropicalização é comum nas empresas que importam carros para o Brasil. Mas nem todas fazem tal trabalho antes de lançar um novo produto por aqui.
No caso da Stellantis, além de tornar o C10 mais parecido com o que o público espera, o trabalho de engenharia local também funciona para identificar pontos de melhoria ou atributos que poderão ser replicados em futuros lançamentos. Seja da própria Leapmotor, como nas demais marcas do grupo.
Marcio Tonani, vice-presidente sênior de engenharia do produto da Stellantis, nos afirmou durante conversa que não há impeditivos para que o grupo utilize tecnologias da Leapmotor em carros da Jeep ou da Fiat, por exemplo. Questionado sobre os maiores potenciais, afirmou que a área do infotenimento (central multimídia e quadro de instrumentos) é uma possibilidade, considerando a facilidade de fornecimento.
Na mão contrária, nada impede a Stellantis, por exemplo, de trocar o motor 1.5 usado como gerador no C10 por algum propulsor produzido na região e já adaptado à tecnologia flex. “Pode ser o 1.3 aspirado, o 1.0 turbo. Ou mesmo o 1.2 PureTech, por que, não? As possibilidades existem e são muitas”, afirmou.
É preciso considerar, porém, que, atualmente, não há definição a respeito de trocar o motor 1.5 de 96 cv a gasolina por qualquer outro. Inclusive, os estudos para que o propulsor chinês seja transformado em flex sequer começaram. “Ainda estamos no começo do casamento”, brincou o executivo sobre o assunto.
No entanto, com a difusão da tecnologia REEV (veículos com propulsão elétrica e extensor de autonomia) e o ganho de escala, talvez seja um passo necessário em um futuro breve.
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Fonte: direitonews






