Boa tarde a todos e todas.
Primeiramente, saúdo os ministros e vice-ministros, embaixadores, colegas e parceiros aqui presentes,
É uma honra participar desta discussão sobre como ampliar o financiamento para a natureza para atingirmos nossos compromissos climáticos.
Em 2023, na COP28, em Dubai, alcançaram-se alguns consensos importantes.
Graças ao Primeiro Balanço Global, constatou-se a insuficiência de cumprimento das metas de redução de CO2. Pela primeira vez os países foram convocados a fazerem uma transição justa e planejada para longe dos combustíveis fósseis e do desmatamento.
Para isso, é essencial fortalecer os meios de implementação — mobilizando recursos financeiros, fortalecendo os incentivos positivos e criando instrumentos inovadores.
Durante décadas, extraímos da natureza os recursos que moveram o desenvolvimento econômico.
Agora, é hora de inverter essa lógica: redirecionar recursos humanos, financeiros e tecnológicos para preservar, restaurar e usar, de forma sustentável, os recursos naturais que ainda temos.
Precisamos mudar antes de sermos mudados pela emergência climática, pela perda da diversidade biológica terrestre e marinha, pelo aumento da desertificação e da seca.
Senhoras e senhores,
Sem as florestas, o equilíbrio climático global não se sustenta. Elas regulam o clima, armazenam carbono, abrigam biodiversidade e garantem segurança alimentar e hídrica para bilhões de pessoas.
Ainda assim, os recursos destinados à sua proteção estão muito aquém do necessário.
Estima-se a necessidade de 282 bilhões de dólares por ano, mas hoje contamos com apenas um quarto desse valor.
Para preencher essa lacuna, precisamos mobilizar um menu de ações concretas de financiamento para a natureza.
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) é uma dessas iniciativas. Liderado por 12 países — entre eles o Brasil — poderá beneficiar mais de 70 nações tropicais.
Não se trata de doação, mas de investimento. O TFFF busca garantir fluxos financeiros perenes para proteger a natureza e remunerar os serviços ecossistêmicos, valorizando o papel dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Quando estiver em operação, poderá gerar cerca de 4 bilhões de dólares por ano, quase três vezes o volume atual de financiamento internacional para florestas.
Outro mecanismo a ser fortalecido é o REDD+, por meio de iniciativas como o Fundo Amazônia, e de parcerias com entes subnacionais.
Juntos, TFFF e REDD+ poderão gerar cerca de 9 bilhões de dólares anuais, cobrindo quase 60% do financiamento necessário para zerar o desmatamento até 2030. Trata-se de essencial contribuição para implementar o GST.
Precisamos investir também na bioeconomia — na conservação e uso sustentável das florestas em pé.
Os 10 Princípios da Bioeconomia do G20, aprovados sob a Presidência brasileira, dão os contornos dessa nova economia que precisamos construir: regenerativa, inclusiva e sustentável.
Cada país, com suas particularidades e circunstâncias nacionais, poderá trilhar seu caminho, mas todos precisão implementar: com base na cooperação internacional, na solidariedade, na ciência e na ética.
Outra parte fundamental da equação é o oceano. Não podemos esquecer que ele absorve grande parte do CO₂ global, regula o clima e provê os meios de vida de bilhões de pessoas em todo o mundo.
Os recursos destinados à conservação oceânica somam apenas 1,2 bilhão de dólares por ano, quando seriam necessários cerca de 16 bilhões. É preciso corrigir esse desequilíbrio.
A proteção do oceano é parte inseparável da agenda climática e, portanto, as NDCs precisam ser também “azuis”. Fazemos um chamado para que todos entreguem suas NDCs, alinhadas ao 1,5.
Senhoras e senhores,
É hora de transformar compromissos em ação; planejar e financiar a transição para a restauração e para o fim do desmatamento; e fortalecer as ações de conservação do oceano.
Esse processo precisa ser justo e inclusivo, para pessoas, países e regiões, sobretudo as mais vulnerabilizadas.
Por isso é que precisamos de um verdadeiro mutirão pela natureza: mutirão pela floresta e pelo oceano, mutirão por soluções baseadas na natureza, mutirão por um novo ciclo de prosperidade que promova a justiça, proteja a nossa casa comum e, ao mesmo tempo, combata as desigualdades e a pobreza.
Esse mutirão é o que pode transformar ideias em impacto, visão em ação, decisões tomadas em saídas efetivamente implementadas.
Muito obrigada.
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Fonte: gov.br