Por Ronaldo Fernandes
A pauta da anistia voltou ao centro do Congresso em meio ao julgamento de Bolsonaro no STF. Nos bastidores, a conversa é direta: o aval do ex-presidente pesa no avanço. Parte do centrão e da centro-direita trabalha para costurar um texto que reduza a polarização e abra caminho para uma chapa unificada em 2026, com Tarcísio de Freitas como candidato — mas para isso contam com Bolsonaro como avalista. Se ele aceitar, a pauta anda; se não, trava.
O detalhe é que não há um texto único. No Senado corre a proposta de Hamilton Mourão, restrita ao 8 de Janeiro. Já na Câmara circulam versões bem mais amplas: algumas atingem todos os presos, outras incluem multas partidárias, chegam a englobar inquéritos como o das fake news e até restauram direitos políticos de Bolsonaro, tornando-o elegível. É aí que o nó aperta: uma parte da oposição só aceita se a anistia incluir a família Bolsonaro; outra teme confronto direto com o STF. Do outro lado da Praça, ministros já avisaram que uma anistia geral e irrestrita seria vista como inconstitucional e derrubada, enquanto textos mais restritos (ex.: apenas para réus sem violência qualificada) poderiam passar com menos atrito.
E o câmbio? O mercado lê esse tema como risco institucional. Se sair uma anistia calibrada, que não rompa de vez com o STF, o prêmio de risco tende a cair e o real ganha fôlego — ainda mais num cenário externo de dólar mais fraco. Mas se o Congresso insistir numa versão total, que inclua Bolsonaro e confronte o Supremo, o barulho político pode travar a valorização da moeda. O dólar é mercado vivo: hoje cai com a expectativa de juros mais baixos nos EUA, mas ruídos internos como esse definem até onde essa queda pode ir.
Fonte: noticiasagricolas