O achado, associado a rituais e camadas de destruição, pode transformar a compreensão das práticas religiosas na periferia do antigo Reino do Bósforo.
Segundo os pesquisadores, o grafite representa “uma lógica simbólica parcialmente compreensível”, mas sua disposição e contexto “ainda desafiam uma explicação ritual coerente“. Inscrições desse tipo são extremamente raras, especialmente quando parecem ter sido ocultadas de propósito.
“Esse traço gravado à mão dá um toque pessoal à vida religiosa antiga — alguém escreveu isso, talvez apressadamente, talvez com intenção”, destacam os especialistas.
© Foto / Artezian Archaeological ExpeditionUm fragmento de grafite encontrado por arqueólogos.
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Um fragmento de grafite encontrado por arqueólogos.
© Foto / Artezian Archaeological ExpeditionRestos desmembrados de um jovem garanhão.
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Restos desmembrados de um jovem garanhão.
CC BY-SA 2.5 / CNG / Gold coin of Pharnaces II of Pontus as King of the Bosporan KingdomMoedas de Fárnaces II.
Moedas de Fárnaces II.
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Um fragmento de grafite encontrado por arqueólogos.
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Restos desmembrados de um jovem garanhão.
Moedas de Fárnaces II.
A descoberta do grafite não é a única descoberta convincente desta temporada. Entre uma série de fossos sacrificiais ligados a um sepultamento de alto status, arqueólogos descobriram os restos desmembrados de um jovem garanhão.
As pernas inferiores foram removidas e partes do corpo foram consumidas — provavelmente durante um banquete ritual. O crânio e os ossos, até as articulações dos joelhos, foram dispostos em um fosso oval com cerca de 70 cm de profundidade e, em seguida, cobertos com cinzas.
Os pesquisadores propõem que esse sacrifício parcial reflita um culto ctônico de decapitação — a remoção ritual da cabeça, simbolizando o renascimento ou a regeneração.
Entre os achados que ajudam a datar o local estão moedas de Fárnaces II (63–47 a.C.), rei de origem persa e macedônica. Raríssimas, elas ajudam a determinar fases de ocupação e vínculos políticos com Roma.
O significado do grafite ainda é incerto — pode ser uma dedicação, um encantamento ou uma invocação ritual.
Para os estudiosos, sua descoberta não é um detalhe isolado, mas uma peça que pode redefinir o entendimento sobre como religião, escrita e poder se cruzavam no mundo bósforo-romano.
Fonte: sputniknewsbrasil