A aplicação do etanol para reduzir emissões de carbono e acelerar o processo de eletrificação foi um dos temas do segundo Summit Futuro da Mobilidade, realizado por Autoesporte e Valor Econômico, na última sexta-feira (26), em São Paulo. O evento, que contou com a participação de executivos e especialistas do setor automotivo, teve patrocínio da Stellantis e apoio da Renault e da Shell.
No seminário foi apresentado o painel “Etanol, elétricos, hidrogênio e combustível sintético: a descarbonização da frota brasileira em curto, médio e longo prazo”, que debateu as possibilidades do uso do etanol para tornar os veículos menos poluentes devido ao menor custo de produção do combustível vegetal.
“A frota de veículos movidos a etanol coloca o Brasil num patamar elevado de descarbonização. A nossa gasolina com 30% de etanol já ajuda consideravelmente nesse processo, uma vez que no restante do mundo essa mistura mal chega a 10%, dependendo do país”, destacou André Valente, diretor de Sustentabilidade da Raízen, ao citar o recente aumento do teor de etanol à gasolina comercializada no país.
Valente acrescentou que a “COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas”, a ser realizada em novembro em Belém (PA), “seria uma excelente oportunidade para divulgar ao mundo as vantagens do etanol [no processo de descarbonização], pois é uma fonte renovável que representa cerca de 17% das matrizes energéticas no Brasil”.
A combinação do etanol com a eletricidade será essencial para a redução das emissões, de acordo com Spartacus Pedrosa, diretor de operações de lítio do Grupo Moura. Para o especialista, “a bateria é fundamental para a descarbonização do futuro”, referindo-se aos veículos híbridos flex, que podem ser abastecidos com etanol — fonte energética renovável que absorve parte do carbono liberado na atmosfera durante o cultivo da cana-de-açúcar.
A produção de hidrogênio a partir da reação química do etanol com a água em temperaturas elevadas pode ser a solução para veículos elétricos movidos a célula de combustível. Esses modelos convertem a energia química do hidrogênio e do oxigênio em eletricidade para as suas baterias. No entanto, o abastecimento desses veículos com hidrogênio ainda é um processo complexo e caro.
O Brasil tem um papel de destaque nessa área ao liderar a produção de etanol de cana-de-açúcar e no desenvolvimento de pesquisas. Emílio Carlos Nelli Silva, vice-diretor executivo e científico do Research Centre for Greenhouse Innovation da Universidade de São Paulo (RCGI-USP) salienta que “o etanol pode ser a solução para a produção de hidrogênio” para carros elétricos movidos a célula de combustível.
“O desenvolvimento de tecnologias com etanol e outros biocombustíveis pode reduzir em 35% as emissões ao potencializar o processo eletrificação”, disse Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews