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O papa Leão XIV denunciou neste domingo (14) que a perseguição aos cristãos “aumentou” em algumas regiões do mundo, durante uma cerimônia em memória dos “mártires” do século XXI, realizada na Basílica de São Paulo Extramuros, em Roma.
“Hoje, muitos irmãos e irmãs, por causa de seu testemunho de fé em situações difíceis e contextos hostis, carregam a mesma cruz do Senhor. Assim como Ele, são perseguidos, condenados e assassinados”, lamentou o pontífice norte-americano em sua homilia.
A celebração coincidiu com a festa da Exaltação da Cruz e também com o 70º aniversário do papa, retomando a “comemoração dos mártires e testemunhas da fé” instituída por João Paulo II no ano 2000. O ato contou com representantes de outras igrejas católicas e cristãs orientais, além de líderes luteranos, anglicanos e de outras denominações protestantes.
Leão XIV iniciou a homilia recordando “todos aqueles que, nos últimos 25 anos, derramaram seu sangue por fidelidade a Cristo”, citando em especial São Óscar Romero, arcebispo salvadorenho assassinado em 1980 durante a missa, e lembrando também da missionária norte-americana Dorothy Stang, morta no Pará em 2005 por sua atuação em defesa dos trabalhadores rurais sem-terra da Amazônia, e do padre iraquiano Ragheed Ganni, executado pelo Estado Islâmico após se recusar a fechar sua igreja.
“O número de exemplos seria enorme porque, infelizmente, mesmo após o fim das grandes ditaduras do século XX, a perseguição contra os cristãos não terminou. Pelo contrário, em algumas partes do mundo aumentou”, advertiu o papa.
Missionário no Peru por muitos anos, o pontífice descreveu as vítimas como “mulheres e homens, religiosas e religiosos, leigos e sacerdotes que pagam com a vida pela fidelidade ao Evangelho, pelo compromisso com a justiça, pela luta pela liberdade religiosa onde ainda é violada, e pela solidariedade com os mais pobres”.
Para preservar a memória desses mártires, Leão XIV destacou o trabalho da Comissão para os Novos Mártires, criada por João Paulo II no Jubileu de 2000 e ligada ao Dicastério para as Causas dos Santos. Recentemente, o órgão apresentou um relatório documentando 1.700 casos de pessoas assassinadas por serem cristãs nos últimos 25 anos.
Segundo o documento, foram identificados 304 casos nas Américas, 43 na Europa, 110 em missões diversas, 277 no Oriente Médio e 357 na Ásia e Oceania. A África lidera o número de vítimas, com 643 assassinatos registrados. Os dados foram apresentados por Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio e vice-presidente da Comissão.
O papa concluiu recordando o pequeno Abish Masih, um menino paquistanês morto em um atentado contra uma igreja católica. “Ele havia escrito em seu caderno a frase em inglês ‘making the world a better place’ (‘fazer do mundo um lugar melhor’). Que o sonho desse menino nos inspire a testemunhar com coragem nossa fé, para sermos juntos fermento de uma humanidade pacífica e fraterna”, afirmou.
“Queridos irmãos e irmãs, não podemos e não queremos esquecer. Queremos recordar. Temos a certeza de que, assim como nos primeiros séculos, também no terceiro milênio, o sangue dos mártires continua sendo semente de novos cristãos”, declarou o papa, conclamando fiéis e clérigos a demonstrarem sua fé “com valentia” na busca por “uma humanidade pacífica”.
A cerimônia, realizada em São Paulo Extramuros, onde repousam os restos do apóstolo martirizado pelo Império Romano, destacou a continuidade histórica da perseguição aos cristãos desde os primeiros séculos até os dias de hoje.
Fonte: gazetabrasil