Uma nova análise dos dados da sonda Cassini revelou moléculas orgânicas complexas nas plumas de gelo expelidas pela lua Encélado, de Saturno. A descoberta, liderada pelo astrobiólogo Nozair Khawaja, inclui compostos nunca antes identificados nesse contexto, sugerindo uma química ativa e intrigante no oceano subterrâneo da lua.
O estudo se concentrou em grãos recém-ejetados das plumas, em vez dos mais antigos presentes no anel E de Saturno, permitindo uma visão mais precisa da composição química interna de Encélado. Embora os compostos sejam abióticos, muitos são considerados precursores da vida, aumentando a possibilidade de habitabilidade.
© Foto / NASA/JPL/Instituto de Ciências EspaciaisDedos finos de material brilhante e gelado alcançam dezenas de milhares de quilômetros para fora da lua de Saturno, Encélado, até o anel E, enquanto os jatos ativos do polo sul da lua continuam a disparar.
Dedos finos de material brilhante e gelado alcançam dezenas de milhares de quilômetros para fora da lua de Saturno, Encélado, até o anel E, enquanto os jatos ativos do polo sul da lua continuam a disparar.
© Foto / NASA/JPL-Caltech/Instituto de Ciências EspaciaisUma imagem da Cassini de 2010 de jatos saindo de Encélado.
Uma imagem da Cassini de 2010 de jatos saindo de Encélado.
CC BY-SA 3.0 IGO / ESA / Hydrothermal activity on EnceladusIlustração científica mostrando um corte transversal da lua Encélado, de Saturno. Apresenta três camadas identificadas: uma camada de gelo na parte superior, com rachaduras visíveis que liberam jatos de vapor d’água para o espaço; um oceano no meio, representado como uma grande massa de água sob o gelo; um núcleo rochoso na parte inferior, mostrado emitindo calor que pode impulsionar os jatos. Ao fundo, Saturno e seus anéis são visíveis no espaço.
Ilustração científica mostrando um corte transversal da lua Encélado, de Saturno. Apresenta três camadas identificadas: uma camada de gelo na parte superior, com rachaduras visíveis que liberam jatos de vapor d’água para o espaço; um oceano no meio, representado como uma grande massa de água sob o gelo; um núcleo rochoso na parte inferior, mostrado emitindo calor que pode impulsionar os jatos. Ao fundo, Saturno e seus anéis são visíveis no espaço.
Dedos finos de material brilhante e gelado alcançam dezenas de milhares de quilômetros para fora da lua de Saturno, Encélado, até o anel E, enquanto os jatos ativos do polo sul da lua continuam a disparar.
Uma imagem da Cassini de 2010 de jatos saindo de Encélado.
Ilustração científica mostrando um corte transversal da lua Encélado, de Saturno. Apresenta três camadas identificadas: uma camada de gelo na parte superior, com rachaduras visíveis que liberam jatos de vapor d’água para o espaço; um oceano no meio, representado como uma grande massa de água sob o gelo; um núcleo rochoso na parte inferior, mostrado emitindo calor que pode impulsionar os jatos. Ao fundo, Saturno e seus anéis são visíveis no espaço.
As moléculas encontradas são semelhantes às produzidas em sistemas hidrotermais profundos na Terra, onde a vida prospera sem luz solar. Isso sugere que processos químicos semelhantes podem estar ocorrendo no fundo do oceano de Encélado, reforçando seu potencial como ambiente propício à vida.
Encélado possui um vasto oceano líquido sob sua crosta gelada, e a atividade geotérmica gerada pelas forças gravitacionais de Saturno pode manter esse oceano aquecido. A Cassini realizou diversos sobrevoos entre 2005 e 2015, coletando amostras diretamente das plumas que jorram da superfície.
Ontem, 03:39
Apesar da riqueza de dados, a análise enfrentou dificuldades devido ao ruído nos espectros coletados pelo Analisador de Poeira Cósmica (CDA, na sigla em inglês). Em 2008, a Cassini atravessou uma pluma a 17,7 km/s, velocidade que permitiu detectar sinais antes ocultos, graças a novas técnicas de análise espectral.
Os cientistas identificaram compostos como aromáticos, aldeídos, ésteres, éteres, alcenos e traços de nitrogênio e oxigênio. Isso confirma que essas moléculas vêm do interior de Encélado, e não de alterações causadas pelo espaço. Com sais, hidrogênio e fosfatos já detectados, falta apenas o enxofre para completar os seis elementos essenciais à vida — carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.
Embora não haja evidência direta de vida, os compostos encontrados são compatíveis com ambientes hidrotermais e com a química biológica. Para Khawaja, mesmo a ausência de vida seria uma descoberta significativa, pois levantaria questões sobre os limites da habitabilidade. A equipe continua explorando os dados, com expectativa de novas revelações.
Fonte: sputniknewsbrasil
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