‘Trabalhamos pela paz desde o início’, diz Amorim à Sputnik após receber honraria de Putin


Conforme decreto assinado por Putin, o ex-chanceler brasileiro contribuiu de forma significativa para “o fortalecimento e desenvolvimento das relações amistosas entre a Federação da Rússia e a República Federativa do Brasil”. Em entrevista à Sputnik Brasil, Amorim agradeceu o reconhecimento e destacou que sua postura, desde o início do conflito na Ucrânia, sempre foi de buscar o diálogo e defender a paz.
“Defendemos que os princípios da ONU [Organização das Nações Unidas] sejam seguidos e o uso da força não é a maneira de resolver os conflitos. Mas também queremos que as coisas sejam resolvidas pelo diálogo e levando em conta fatores históricos, como a eterna expansão da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] chegando muito perto de Moscou”, declarou.
O diplomata ressaltou que a segurança da Rússia deve ser considerada da mesma forma que a da Ucrânia, e que um processo de negociação só pode avançar se todas as partes forem ouvidas.
“É preciso ajudar o diálogo. O diálogo é o que nós, junto com a China, tentamos promover, criando inclusive o Grupo de Amigos“, lembrou.

Movimentações de Trump

Amorim mencionou ainda que iniciativas externas chegaram a ter impacto positivo, citando como exemplo algumas movimentações iniciais do presidente norte-americano Donald Trump, que em sua visão “sacudiram um pouco a situação”.
Para o assessor de Lula, insistir em apenas apoiar uma das partes não é o caminho. “Tenho muita compaixão pelo que está acontecendo na Ucrânia e pelo sofrimento do povo ucraniano. Mas não adianta só defender um plano unilateral. É preciso conversar com os russos. Não é uma guerra que você já tem um tratado pronto, como em Versalhes. É necessário negociar de verdade”, frisou.
Segundo Amorim, a posição brasileira é de favorecer um processo que leve ao cessar-fogo, mas que também crie condições concretas para avançar em um acordo equilibrado.

“Quando ouvimos a reação dos russos, eles dizem que se houver só cessar-fogo, sem ao mesmo tempo uma moratória no fornecimento de armas, isso é impossível, porque apenas fortalece um lado enquanto o outro está parado. Então é preciso encontrar um equilíbrio. Um roteiro para discutir as questões mais profundas: fronteiras, direitos humanos, questões humanitárias. Esse é o caminho que defendemos”, pontua.

Ao receber a Ordem da Amizade, Amorim afirmou que a homenagem é também um reflexo da relação estratégica entre Brasil e Rússia. “É um reconhecimento importante, que mostra que nosso esforço pelo diálogo e pela construção de uma paz justa é valorizado. O Brasil quer ser parte da solução, não do problema”.

Ameaças dos EUA contra o Brasil

Diante das novas ameaças de sanções dos Estados Unidos contra o Brasil em retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que recebeu a pena de mais de 27 anos de prisão durante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Amorim declarou que a defesa ferrenha do governo Donald Trump sobre Bolsonaro é uma “furada”.

“Quem tinha que estar preocupado era o governo americano, de estar embarcando numa furada. É uma furada você embarcar na defesa de um ex-presidente que foi condenado pela mais alta corte no Brasil, pessoas independentes. Ninguém pode acusar o ministro [Alexandre de] Moraes de ser lulista, já que ele votou a favor da prisão do Lula. Quer dizer, o Moraes é a favor da justiça, de analisar o que ele tem. A Justiça independente é absolutamente fundamental para que um país seja democrático e é essa a nossa posição”, finalizou.

Logo da emissora Sputnik - Sputnik Brasil
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Fonte: sputniknewsbrasil

Anteriores F1: Mekies diz que fabricar motor próprio é “a coisa mais louca” da Red Bull
Próxima Projeto Milho do Bem arrecada mais de R$ 1,4 milhão em 2025 e já impactou 30 mil pessoas desde 2019