RIO DE JANEIRO – Mais de 6.000 pessoas teclaram o número de Mário Gomes nas urnas eletrônicas do Rio de Janeiro neste domingo (2). O ator recebeu 6.151 votos, quantidade insuficiente para que conquistasse uma vaga na assembleia legislativa pelo Republicanos, um dos partidos da base do atual presidente. Mário aceita a própria derrota, mas se exalta ao comentar a vitória parcial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições.
De um só tacada, ele emenda três perguntas, duas afirmações, um apelido maldoso e um conselho à repórter, do outro lado da linha do celular. “O pão com mortadela ainda faz muito sucesso, né? Você não gosta que eu fale isso? É porque aí eles te mandam embora, né? Você não pode falar mal do Nine Fingers [como ele refere a Lula], é isso. A velha imprensa não existe mais. Só vejo YouTube e a Jovem Pan. Você deveria sair desse emprego, minha filha!”, vociferou.
Mário, 69, faz parte da corrente bolsonarista que ainda põe em xeque a lisura das eleições. Diz que houve fraude mas não sabe muito bem explicar por quê. “Era para Bolsonaro ter levado no primeiro turno. Fato. Mas, tudo bem. O Brasil está com ele”, afirma o ator, para em seguida repetir agressivamente algumas máximas do discurso dos apoiadores do capitão.
“Quem é que vai estar do lado daquela desgraça? [o candidato petista]. Me explica: quem vai querer ver o Brasil passando pelas mesmas coisas que acontecem na Venezuela, em Cuba e na Argentina?”, questiona ele, já confessando uma de suas maiores aflições, caso Lula seja eleito.
“Eu e a minha mulher [Raquel Palma] estamos preocupados em perder a nossa casa. Dizem que na Colômbia, os imóveis com mais de 65 metros quadrados serão compartilhados com outras famílias. Isso vai acontecer aqui!”, desespera-se o ator, que vive em uma confortável casa com vista para o mar, na Praia de Joatinga, pertinho de onde montou uma carrocinha para vender hambúrgueres, há quatro anos.
O negócio está parado (“Não é verão agora”), e ele diz que vai vivendo de um estúdio de música que montou. Mesmo sendo informado de que não corre o risco de ter que dividir compulsoriamente a sua casa com outras pessoas, Gomes parece não se conformar. “Não está preocupada? Você deve ser protegida porque trabalha em jornal, né?”, avalia o ator.
O discurso ficou completo com as críticas à Lei Rouanet e à bandeira que remete ao comunismo e ao PT. “Os artistas apoiam esse cara porque mamam nas tetas e porque são vendidos. Usam o dinheiro público em troca de levantarem a bandeira vermelha aqui, outra ali. A nossa bandeira não é vermelha, nunca foi e espero que jamais seja”, finaliza.