Por que reciclar carros será a nova moda da indústria automotiva no Brasil


Em agosto, a Stellantis reuniu sua alta cúpula executiva regional para inaugurar no Brasil não uma fábrica, mas sim um espaço em Osasco (SP) chamado Circular Autopeças, que pode ser considerado o primeiro centro de desmontagem e reciclagem veicular de uma montadora na América do Sul. A presença do presidente da empresa na região, Emanuele Cappellano, mostra como esse movimento é considerado importante pela companhia.

Algumas semanas depois, a mesma Stellantis colocou alguns jornalistas para entrevistar a vice-presidente sênior global de Economia Circular da empresa, Laurence Hansen. A francesa estava no país para definir os próximos passos da estratégia. Segundo Hansen, a América do Sul é uma das regiões mais “atrasadas” quando se trata de economia circular no setor automobilístico.

No Brasil, especificamente, apenas 1,5% dos veículos em fim de vida têm seus componentes reaproveitados de alguma forma, quase todos pelos cerca de 500 mil desmanches particulares espalhados pelo nosso território. No Japão, por exemplo, o percentual já supera 8%. Na Europa, até o fim da década, todo veículo em desuso terá de ter pelo menos 85% de suas partes recicladas pela indústria, o que levou fabricantes como a BMW a investir em verdadeiras fábricas de reciclagem.

A próxima bola da vez será o Brasil e, por isso, a Stellantis quer estar preparada para quando o tema emergir com mais força na região, estando no protagonismo do processo. Não apenas por questões ambientais, mas especialmente por oportunidades de negócio. “Estamos falando de um potencial não de milhões, mas de bilhões de reais”, ressaltou a executiva.

E a gigante dona de marcas como Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e Ram parece não estar sozinha no movimento. Em recente entrevista ao Valor Econômico, o presidente da Toyota na América do Sul, Rafael Chang, apontou que a companhia japonesa também planeja investir em um centro de reciclagem veicular no país. Até importadoras como a Volvo manifestaram o mesmo desejo.

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Há uma razão para isso. O Programa Mover, recentemente promulgado pelo Governo Federal, aponta que o índice de reciclabilidade de um carro passará a ser um dos fatores de acesso a subsídios tributários. Dois projetos correlatos ao Mover, o Carro Sustentável e o IPI Verde, já apontam que a reciclagem gerará descontos de IPI. “A redução pode chegar a 2 pontos percentuais”, prevê o presidente da Volvo Car Brasil, Marcelo Godoy.

Voltando à Stellantis, a empresa enxerga quatro grandes pilares de atuação na área de sustentabilidade, que chama de “quatro erres”: Reparar, Reciclar, Reutilizar e Remanufaturar. Em mercados como Europa e Estados Unidos, a fabricante já se encontra em estágio mais avançado de desenvolvimento de todos esses eixos. Aqui, está começando a investir em dois deles: reciclagem e remanufatura.

Questionada sobre “por que agora o Brasil?”, a vice-presidente sênior global de Economia Circular da empresa foi enfática. “Porque tem um enorme potencial. A área [de Economia Circular] já é rentável em outros lugares e queremos que seja aqui também. A Stellantis não investe em nenhum projeto em que não enxergue um potencial de rentabilidade”, completou.

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Fonte: direitonews

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