“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.” A frase do pensador Confúcio deve estar escrita nas paredes da GWM no Brasil. Os passos da fabricante podem não ser os mais rápidos, mas demonstram solidez. Desde que chegou por aqui, a linha Haval tem apenas uma família de modelos: H6, oferecida em quatro versões. Isso está para mudar com a chegada do Haval H9 em setembro.
Com a inauguração da fábrica de Iracemápolis (SP) marcada para o próximo dia 15 de agosto, a GWM vai aumentar a família no Brasil. Além das quatro versões híbridas do H6, começam a ser feitos localmente dois modelos a diesel: o Haval H9 e a picape Poer P30.
Autoesporte teve um breve primeiro contato com o H9 durante viagem à China para o Salão de Xangai. Estamos falando de um SUV grande feito em carroceria sobre chassi com motor a diesel e capacidade de sete lugares. Será o primeiro grande desafiante de Toyota SW4, Chevrolet Trailblazer e Mitsubishi Pajero Sport a ser lançado em muitos anos. As vendas devem ter início no mês de setembro.
Em dois estacionamentos, andamos cerca de 400 metros com o Haval H9 dotado de motor 2.4 turbodiesel de 186 cv de potência e 48,9 kgfm de torque, câmbio automático de nove marchas e tração 4×4 com bloqueio dos diferenciais central e traseiro.
Os números da versão brasileira ainda não estão confirmados. Uma futura configuração híbrida plug-in (PHEV) não está descartada. Contudo, a decisão de apostar primeiro no diesel parece acertada, principalmente em um segmento mais conservador que o do H6.
Não é apenas na mecânica e na plataforma que o H9 se diferencia do H6. O visual da dupla é tão parecido quanto um pastel se assemelha a um bolinho de chuva. Não seria exagero dizer que o Tank 300 guarda mais semelhanças com o H9.
Isso se deve às linhas mais quadradas, típicas de jipões clássicos. Os faróis arredondados também estão ali, contornados por uma moldura quadrada e separados por uma gigantesca grade cromada. O capô elevado tem vincos bem demarcados. Nas laterais e na traseira, a inspiração parece ter sido o novo Defender, principalmente nas lanternas divididas em dois retângulos.
Na cabine, as similaridades com o Tank 300 continuam, em um estilo que bem poderia ser chamado de “rústico tech chic”. Estão presentes as tradicionais telas digitais para quadro de instrumentos (10 polegadas) e central multimídia (15″).
Para os fãs de botões — como eu —, há vários, que comandam os modos de condução e mimos como ventilação e aquecimento dos bancos. O acabamento é correto, mas não primoroso, com plástico duro nas portas e em parte do painel. Porém, cabe o benefício da dúvida, porque a unidade disponível era uma versão de entrada de cinco lugares.
O espaço na terceira fileira é apertado, mas não mais do que o de um SW4 ou Trailblazer. Uma curiosidade é que, no Brasil, a caixa de estepe pendurada no porta-malas deve abrigar um… kit de reparo emergencial! Retirar o pneu sobressalente foi uma forma de reduzir (e bem) o peso da tampa ao abrir e fechar.
Como todo jipão, o H9, em tese, encara desafios off-road mais extremos. Digo em tese porque, em nosso teste em Xangai, o máximo que o SUV enfrentou foram obstáculos de metal montados em um estacionamento.
Direção e freio precisarão de ajustes para o cliente brasileiro. O primeiro item carece de precisão, pois exige movimentos mais amplos do que o esperado. O segundo sofre do mesmo “mal” do H6: pedal borrachudo, que requer força do motorista para parar os mais de 2.400 kg do modelo.
Nas arrancadas, além de um atraso considerável no acelerador, notei que não há “sobra” do motor. Até aí, nada muito diferente do que acontece com SW4, Trailblazer e Mitsubishi Pajero Sport. A diferença é que o H9 é cerca de 20 centímetros maior que os futuros concorrentes. Outra vantagem deve estar no preço, possivelmente na casa dos R$ 400 mil.
E, assim, a GWM vai povoando com seus veículos as diversas faixas de preço do mercado brasileiro. Devagar e sempre é o lema.
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Fonte: direitonews