Percent antecipa o futuro e já elege Wellington Fagundes governador em 2026


Da Redação

A Bronca Popular

Mato Grosso, com seus 3.658.649 habitantes espalhados por 903 mil km² e 142 municípios, é um estado de dimensões continentais — e complexidade política proporcional.

Ainda assim, o Instituto Percent insiste em condensar a realidade eleitoral de 2026 em um recorte de 1.200 entrevistas realizadas entre 29 de julho e 4 de agosto, com suposta margem de erro de 2,83 pontos percentuais.

Não é preciso ser estatístico para perceber que esse tipo de levantamento, aplicado em um estado com tamanha diversidade regional e social, carrega um risco enorme de distorção.

O problema, porém, vai além da estatística: há memória recente. Em 2024, o mesmo Percent apontava vitória esmagadora de Eduardo Botelho no primeiro turno para a prefeitura de Cuiabá.

O resultado real foi o oposto — Botelho não chegou sequer ao segundo turno, derrotado antes de enfrentar Abílio Brunini, que venceu Lúdio Cabral.

Diante de um histórico tão fragilizado, é legítimo questionar se a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (11) não passa de mais um instrumento de engenharia narrativa para favorecer um nome específico — no caso, o senador Wellington Fagundes.

O levantamento mostra Fagundes liderando com folga tanto na estimulada quanto em cenários de segundo turno, apesar de estarmos em um momento em que o eleitor médio sequer discute a eleição estadual de 2026.

O noticiário político segue dominado pela polarização nacional, com Lula e Bolsonaro como eixos centrais, enquanto temas como decisões do STF e a política externa dos EUA ocupam espaço diário.

Em outras palavras, é pouco crível que uma preferência tão consolidada para o governo estadual exista hoje — e mais difícil ainda acreditar que seja medida com exatidão.

A ausência de transparência sobre quem contratou a pesquisa e por qual valor agrava o problema.

Embora a lei não exija a divulgação dessa informação nesta fase de pré-campanha, a omissão retira do eleitor qualquer capacidade de julgar a isenção do estudo.

Sem saber quem paga a conta, o que resta é suspeitar de interesses diretos na manipulação da percepção pública.

Divulgar números como os apresentados pelo Percent, nesse contexto, não é contribuir para o debate democrático — é distorcê-lo. É vender futurologia como ciência, estatística enviesada como verdade e, no fim, corroer ainda mais a confiança do eleitor nas pesquisas.

Se a meta é influenciar e não informar, o Percent cumpre seu papel. Se o objetivo fosse credibilidade, deveria começar por acertar no básico: metodologia rigorosa, histórico confiável e transparência absoluta.

Fonte: abroncapopular

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