De agosto de 2024 a julho de 2025, as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia atingiram 4.495 km², o segundo menor nível da série histórica do sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isso representa aumento de 4% em relação ao ciclo anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, quando foram identificados 4.321 km² sob alerta de desmatamento no bioma. A alta teve forte influência dos incêndios ocorridos na região no segundo semestre do ano passado.
Na comparação às áreas sob alerta de desmatamento por corte raso, sem o uso do fogo, a queda foi de 8% em relação ao ciclo anterior, atingido o menor patamar de toda a série histórica do Deter.
O resultado do Deter é um indicativo de tendência da taxa anual de desmatamento, medida no mesmo período pelo Prodes, outro sistema do Inpe.
Os números foram divulgados pelos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Inpe nesta quinta-feira (7/8) em Brasília (DF).
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reiterou que os incêndios em florestas úmidas, que anteriormente tinham pouca influência sobre o desmatamento, são intensificados pela mudança do clima em todo o mundo. Um estudo do World Resources Institute (WRI) constatou que eles foram responsáveis por quase metade da perda de floresta tropical primária no planeta em 2024.
A ministra ressaltou que o governo federal, em parceria com estados, municípios, cientistas e sociedade, tem empenhado esforços para implementar uma série de ações que tornam o país mais resiliente ao fogo.
Graças a esse conjunto de medidas e a condições climáticas menos severas observadas neste ano, no primeiro semestre houve queda de 65,8% nas áreas queimadas no país, de acordo com informações do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e de 46,4% no número de focos de calor no território nacional em comparação ao primeiro semestre do ano passado, conforme o Inpe.
“Dentro da margem, podemos dizer que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, afirmou.
Marina Silva pontuou ainda que a proteção da floresta, além de ações de monitoramento e fiscalização e de incentivos regulatórios e econômicos, depende da transição energética a nível global. “Até podemos zerar o desmatamento, mas se continuarmos com a emissão de CO2, a floresta vai perecer do mesmo jeito”, disse.
Entre os estados que concentram a maior área sob alerta de desmatamento na Amazônia de agosto de 2024 a julho de 2025, Rondônia registrou queda de 35%, e Pará, de 21%. Por outro lado, foi identificado aumento de 74% em Mato Grosso e de 3% no Amazonas, impulsionados pelos incêndios.
Cerrado e Pantanal
Os dados apontam redução de 20,8% nos alertas de desmatamento no Cerrado para o período em relação ao ciclo anterior. Dessa forma, o total de áreas comprometidas caiu de 7.014 km² para 5.555 km².
Entre os estados que historicamente concentram a maior área com desmatamento no Cerrado, Maranhão e Minas Gerais registraram diminuição de 34%. Em seguida, vieram Tocantins (-29%), Mato Grosso (-19%) e Bahia (-7%). Apenas no Piauí houve aumento, de 33%.
No Pantanal, as áreas sob alerta de desmatamento caíram 72% de agosto de 2024 a julho de 2025 em comparação ao ciclo passado. A área comprometida foi de 1.148 km² para 319 km².
Já as cicatrizes de queimadas recuaram 9% nos últimos 12 meses, segundo estimativa do Inpe, e as áreas comprometidas passaram de 17.646 km² para 16.125 km².
O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, destacou o resultado mesmo com o registro do “pior cenário climático da história do Pantanal medido pela ciência”. “Graças à implementação da sala de situação, coordenando 10 ministérios, e a uma ação extremamente intensiva, conseguimos evitar que o dado desse período fosse muito maior do que o anterior, em que as condições climáticas também não foram favoráveis, mas foram muito menos adversas que neste período”, ponderou.
Fiscalização
Nos últimos 12 meses, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou 9.540 ações fiscalizatórias na Amazônia, que resultaram em mais de 3,9 mil autos de infração, totalizando R$ 2,4 bilhões em multas. Também foram expedidos 3.111 termos de embargo, com 5.096,8 km² de área embargada, 2.124 apreensões e 873 equipamentos destruídos.
No Cerrado, as ações geraram 831 autos de infração, que resultaram em R$ 607 milhões em multas. Foram emitidos 466 embargos, 434 apreensões e 71 equipamentos destruídos.
“Estamos promovendo uma ação muito forte para evitar as prescrições das multas e fazer com que, de fato, a impunidade não aconteça”, reiterou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
Já a diretora de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Iara Vasco, apresentou as ações implementadas para ampliar a proteção ambiental nas unidades de conservação (UCs) federais geridas pelo órgão. Ao todo, foram executadas 895 ações, com 2.711 autos de infração lavrados. Desse total, 267 ações ocorreram na Amazônia, com 1.055 autos de infração.
Iara ressaltou os esforços do governo federal para equipar as instituições públicas, como a realização de concursos. “Isso permitiu que tivéssemos um maior controle sobre o desmatamento das unidades de conservação”, concluiu.
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima, apontou o conjunto de medidas implementadas pelo governo federal e ressaltou os Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas (PPCDs). “Pela primeira vez, na gestão federal, temos planos para a prevenção e controle do desmatamento e incêndios em todos os biomas brasileiros”, ressaltou.
O coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Marcio Cruz, salientou a importância do monitoramento dos dados para que “as políticas públicas sejam baseadas em evidência”.
Também participou da coletiva o coordenador do Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros (BiomasBR) do Inpe, Claudio Almeida.
Alertas de desmatamento
O Prodes utiliza imagens de satélites mais precisas que possibilitam a elaboração da taxa anual de desmatamento, enquanto o sistema Deter emite alertas diários de tendências de alteração da cobertura vegetal na Amazônia, no Cerrado e Pantanal.
O instrumento é fundamental para apoiar a fiscalização e o controle do desmatamento e da degradação florestal, realizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e demais órgãos ambientais.
Combate ao desmatamento e incêndios
Confira as principais ações implementadas pelo governo federal para prevenir e combater o desmatamento e os incêndios:
- Aprovação de R$ 850 milhões do Fundo Amazônia para fortalecer ações de fiscalização ambiental para o controle do desmatamento ilegal na Amazônia;
-
Aprovação do Programa União com Municípios, que prevê investimento total de R$ 785 milhões para promover o desenvolvimento sustentável em um grupo formado por 81 municípios na Amazônia. Desse montante, 70 já aderiram à ação;
-
Contratação do maior contingente de brigadistas federais da história, formado por 4.385 profissionais – 2.600 do Ibama e 1.785 do ICMBio, um aumento de 26% em relação ao ano de 2024;
-
A infraestrutura para 2025 inclui sete novos helicópteros para uso do Ibama em ações de enfrentamento aos incêndios e desmatamento. A renovação da frota aumenta em 75% a capacidade de transporte de agentes e brigadistas, em 40% a quantidade de horas de voo por ano e em 133% a capacidade de lançamento de água;
-
Desde 2023, o Fundo Amazônia aprovou R$ 405 milhões para apoiar os Corpos de Bombeiros dos nove estados da Amazônia Legal na prevenção e combate a incêndios florestais. Destes, já foram contratados 370 milhões. São projetos no valor de R$ 45 milhões cada para Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins e de aproximadamente R$ 21 milhões e R$ 34 milhões para Acre e Rondônia, respectivamente;
-
Implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (Lei 14.944/24), sancionada pelo presidente Lula em julho de 2024, que estabelece a coordenação entre governo federal, estados, municípios, setor privado e sociedade civil para que o fogo seja empregado de forma controlada e consciente, com o objetivo de prevenir e combater incêndios, conservar ecossistemas e respeitar práticas tradicionais;
-
Pela primeira vez, o Fundo Amazônia apoiará também ações de prevenção e combate a incêndios em estados fora da Amazônia, como no Cerrado e Pantanal. Em julho, foram aprovados R$ 150 milhões para os Corpos de Bombeiros Militares e brigadas florestais de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Piauí e Distrito Federal. O projeto, de autoria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi apresentado por meio de um trabalho interministerial;
-
Sanção da Lei 15.143/2025, que amplia a capacidade de respostas aos incêndios florestais, permite a transferência de recursos diretamente do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) para estados e municípios e garante mais agilidade na contratação de brigadistas, reduzindo o intervalo da sua recontratação para três meses. A lei permite ainda o uso de aeronaves estrangeiras em emergências ambientais;
-
Anúncio dos Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas (PPCDs), pela primeira vez, para todos os biomas brasileiros, com estratégias específicas para a preservação ambiental em diferentes eixos até 2027;
-
Desde janeiro de 2025, o MMA realizou quatro reuniões com especialistas de órgãos públicos e universidades para avaliar a situação climática e previsões futuras, além de seu impacto sobre a ocorrência de grandes incêndios florestais de comportamento extremo;
-
Publicação de edital que prevê recursos no valor de R$ 32 milhões do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) em conjunto com o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) para apoio a municípios prioritários na Amazônia e Pantanal na implementação de Planos Operativos de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (junho de 2025);
-
Retomada da Sala de Situação Interministerial sobre Incêndios do governo federal, integrada por 10 ministérios e outros seis órgãos federais (maio e junho de 2025). O grupo se reúne de forma periódica para monitorar a evolução do quadro climático e sua repercussão sobre o risco de incêndios, bem como para apoios mútuos em ações de prevenção e combate;
-
Conclusão do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios do Bioma Pantanal para a temporada deste ano, elaborado conjuntamente entre o governo federal e os estados que abrigam o bioma (maio de 2025). O plano para os nove estados da Amazônia Legal está em fase final de formulação;
-
Veiculação de campanha de prevenção e combate aos incêndios florestais criminosos na Amazônia Legal voltada ao Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Roraima, estados que mais sofreram com os incêndios no último ano (abril de maio de 2025);
-
Publicação de portaria pelo MMA (nº1.327/2025) declarando emergência por risco de incêndios (março de 2025): aponta áreas vulneráveis a incêndios em todo o país e os períodos de maior risco para viabilizar a contratação emergencial de brigadistas federais e a atuação de estados e municípios;
-
Decreto n° 12.189, assinado pelo presidente Lula, que aumenta as punições por incêndios florestais no país.
Assessoria Especial de Comunicação Social do MMA
imprensa@mma.gov.br
(61) 2028-1227/1051
Acesse o Flickr do MMA
Fonte: gov.br