Da Redação
A Bronca Popular
O ex-deputado federal Carlos Bezerra, eterno cacique do MDB de Mato Grosso, reapareceu dos porões da política para prestar um desserviço à própria biografia — e à história do partido que ajudou a construir.
Em entrevista recente, defendeu que o MDB deve compor aliança com o PL de Jair Bolsonaro para 2026, sinalizando apoio ao projeto eleitoral do senador Wellington Fagundes (PL) ao governo estadual.
Para justificar a mudança de rota, Bezerra alega que o grupo de Mauro Mendes (UB), que tende a apoiar Otaviano Pivetta (Republicanos), “enxotou” o MDB do governo com a demissão de Luluca Ribeiro, ex-secretário de Agricultura Familiar, após denúncias de corrupção com emendas parlamentares.
Mas o que Bezerra convenientemente omite é que o verdadeiro “enxotamento” que deveria pesar em sua memória política e pessoal foi o de sua esposa, a ex-deputada Teté Bezerra, demitida de forma humilhante da presidência da Embratur pelo próprio Bolsonaro em 2019.
O então presidente expôs o episódio em rede nacional, chamando um jantar institucional de “escracho com dinheiro público” e mandando exonerar Teté de imediato — mesmo após ela ter apresentado pedido de demissão. O caso foi uma ofensa à sua dignidade e uma demonstração do desprezo do bolsonarismo por quadros técnicos e históricos ligados à centro-esquerda.
Agora, por conveniência e sobrevivência política, Carlos Bezerra tenta apagar essa história como se não passasse de um detalhe irrelevante. Curva-se sem pudor ao bolsonarismo, renega sua longa militância progressista e tenta arrastar o MDB para os braços de quem já pisou na sua própria casa.
Bezerra não está apenas traindo sua memória — está colocando à venda os princípios de uma legenda que, embora combalida, ainda carrega consigo os ecos da democracia, da resistência e da coerência.
O MDB de Ulysses Guimarães, que enfrentou ditaduras e sempre resistiu ao autoritarismo, não pode ser negociado como mercadoria de leilão eleitoral. Muito menos por quem já não tem mais nada a perder — exceto a própria dignidade.
Fonte: abroncapopular